Ministro libanês surpreende ao advertir Hezbolá sobre trégua

O governo libanês, num movimento sem precedentes, advertiu o Hezbolá para que não viole a cambaleante trégua determinada pelo Conselho de Segurança da ONU. Numa admoestação impícita ao Partido de Deus, o ministro da Defesa, Elias Murr, disse neste domingo

“Qualquer violação, […] qualquer foguete que daria a Israel uma justificativa [para golpear o Líbano] seria tratado severamente”, disse Murr numa coletiva de imprensa. “Isso seria considerado uma colaboração direta com o inimigo”, agregou, sublinhando que o responsável “seria julgado e conduzido a um tribunal militar”.



As tropas francesas



Cerca de 150 militares embarcados na França neste domingo em direção ao Líbano, onde reforçarão as tropas da missão da ONU encarregadas de prevenir novos conflitos entre o Hezbolá e Israel. Oficiais da Marinha disseram que os soldados embarcaram no porto de Toulon, sul da França, e chegarão ao Líbano na quinta ou sexta-feira. Eles se juntarão a 50 militares franceses que estão no Líbano desde sábado.



Trata-se de unidades de engenharia militar, cujo trabalho incluirá o reparo das estradas danificadas pelos bombardeios, a remoção de bombas e minas não detonadas.



Os franceses devem se instalar “perto da fronteira israelense”, disse o seu comandante, coronel Cristophe Issac. “Nossa missão, que ainda tem certos detalhes por definir, vai ser de apoio à Unifil (sigla em inglês da Força Interina da ONU no Líbano) e o exército libanês, quando este se deslocar para a área do sul do Líbano”, agregou.



Outro oficial, o tenente-coronel Laurent Romeur, disse que a missão vai durar “dois ou quatro meses, mas estamos nos preparando para ficar outros dois meses para alé disso”.



O deslocamento de tropas por parte da França acha-se muito abaixo do que era esperado. O país, juntamente com os EUA, foi co-signatário da Resolução 1701 da ONU. Esta convoca uma força de mais de 15 mil homens, em condições de combate, para levar a paz ao sul do Líbano.



A resolução foi aprovada por unanimidade, uma semkana atrás, levando a um cessar-fogo e à retirada da maior parte das tropas de Israel, depois de 33 dias de ataques no Líbano, a pretexto de combater a guerrilha xiita do Hezbolá.



Estava previsto um contingente francês de 2.500 a 4 mil soldados. Mas o presidente Jacques Chirac fez uma oferta preliminar de apenas 200 homens, deixando em aberto a opção de reforçá-los.



O mandato da ONU



Chirac, por sua vez, esperava contribuições maiores por parte de países como a Itália e a Turquia, visando esclarecer qual será o mandato da ONU e as normas do engajamento antes de comprometer mais tropas.



A França está particularmente insatisfeita com o fato do mandato só permitir o uso da força pela Unifil em circunstâncias de autodefesa — e não para garantir a resolução 1701, como Chirac esperava.



Um alto funcionário do Ministério do Exterior de Israel disse à AFP neste domingo (20) que a reduzida contribuição inicial da França “provocou perplexidade e confusão” em Israel, onde se teme que o Hezbolá volte a se armar enquanto a ONU vacila.



“A França falou na possibilidade de enviar vários milhares de soldados, que deveriam constituir a retaguarda da força intenacioal no Líbano… Estamos muito longe dissso”, disse o interlocutor israelense.



O presidente dos EUA, George W. Bush, observou que “surgiram diferentes sinais vindos de fora da França”. Órgãos da imprensa européia disseram que a França “amarelou” e “teme” envolver-se num conflito fora de controle. Os EUA não estão contribuindo com soldados para a Unifil.



A resolução 1701 insta as tropas de Israel a se retirarem do sul do Líbano à medida em que chegam ao território que é reduto do Hezbolá as tropas libanesas e a força da ONU. A Unifil deveria acrescentar 3.500 soldados aos 2 mil já existentes, dentro de dez dias após Israel se retirar das áreas que ocupou durante um mês de devastadora ofensiva militar.