Artigo: Carlos Rogério (CSC) ataca preconceito de José Serra
No artigo abaixo, Carlos Rogério de Carvalho Nunes, membro da Corrente Sindical Classista e secretário de Políticas Sociais da CUT Nacional, denuncia o preconceito e o ódio do candidato tucano José Serra contra os trabalhadores nordestinos.
Publicado 23/08/2006 18:09
Trabalhadores e Nordestinos
O candidato a governador de São Paulo afirmou preconceito contra os nordestinos. O ex-prefeito da capital paulista cometeu dois erros ao responder a pergunta do jornalista do SP-TV no programa da última quarta-feira (16).
O Sr. José Serra, primeiramente, desviou-se do problema. No caso, a reprovação do Estado em educação nas provas do Brasil-Saebe. Ele negou a reprovação. Um ato de insanidade perante informações estatisticamente comprovadas. O segundo erro, o mais grotesco, foi culpar os migrantes quanto à reprovação do estado na educação. Ele foi taxativo: “Muita gente continua chegando, este é o problema”.
Mas, quem chega tanto em São Paulo?
O padrão histórico de migração no Brasil, entre regiões, foi do Nordeste para o Sudeste. Nesta região, o Estado que mais acolheu nordestino foi São Paulo. Segundo dados do Censo Demográfico de 2000 e da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio – PNAD 2004, no período entre 1995 e 2000, o fluxo de emigrantes (os que saíram de seus locais de origem) no Nordeste brasileiro foi de 1,8 milhões de pessoas. Já o fluxo de imigrantes (os que chegaram num local para viverem) no estado de São Paulo foi de 1,2 milhões de pessoas. Isso não significa que o total de imigrantes em São Paulo constitua, exclusivamente, de nordestinos. O fato é que na mesma pesquisa o fluxo Nordeste – São Paulo é o de maior contingente de pessoas.
Estes são dados que comprovam a realidade migratória no estado de São Paulo.
O governo do PSDB foi quem arruinou a educação no estado. E para não assumirem a responsabilidade da péssima educação que oferecem aos seus habitantes, os tucanos culparam os imigrantes. E a maioria dos imigrantes em São Paulo, conforme as correntes migratórias das pesquisas PNAD 2004, foram os nordestinos.
A afirmação o postulante ao governo do estado de São Paulo pela coligação PSDB/PFL manifesta preconceito e ódio com os nordestinos.
Ainda resta-nos identificar o preconceito de classe contra nossa gente emigrante. A maioria dos nordestinos que aqui chegam são trabalhadores. E geralmente de baixa escolaridade. O número médio de anos de escolaridade desses emigrantes do Nordeste á de 6,6 anos. Portanto sujeitos aos serviços menos qualificados e com menores remunerações.
Chega de discriminação e opressão. As elites paulistas já exploraram bastante os trabalhadores neste estado. Queremos dignidade.
E nós, nordestinos, citamos Patativa do Assaré. O mais admirado poeta popular do Brasil, nordestino de Assaré (Ceará), que no seu poema “A Triste Partida” já assinalava:
Chegaro em Sã Palo – sem cobre, quebrado
O pobre, acanhado,
Procura um patrão.
Só vê cara estranha, da mais feia gente,
Tudo é diferente
Do caro torrão
Distante da terra tão sêca mais boa,
Exposto à garoa,
À lama e ao paú
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo,
Vivê como escravo
Nas terra do Sú