Frateschi: “Vincular PT a PCC é manobra eleitoreira”
O PT de São Paulo divulgou uma nota nesta quinta-feira (24) em que classifica como “manobra eleitoreira” a tentativa de se vincular o partido à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A nota, assinada pelo presidente estadual do PT, Pa
Publicado 24/08/2006 16:40
Na edição de quarta-feira, o jornal Folha de S.Paulo publicou que a polícia, por determinação do secretário, teria aberto inquérito para investigar se existe ligação entre presidiários do PCC e militantes do PT. O inquérito teria sido motivado por uma escuta telefônica em que um preso teria ordenando ataques a políticos, exceto os do PT.
Na edição desta quinta-feira, após a reação de dirigentes petistas, a Folha publicou que a Secretaria da Segurança Pública voltou atrás e admitiu ser falsa a informação de que investiga a suposta ligação entre PT e PCC. “A assessoria (da Secretaria da Segurança Pública) diz ainda que Saulo não recebeu as gravações”, informa o jornal.
Na nota divulgada nesta quarta-feira, Paulo Frateschi esclarece que, em julho, recebeu informações de que o PSDB detinha “gravações que poderiam vincular o PT ao PCC”. “Logo que estas informações chegaram, alguns órgãos de imprensa passaram a me procurar para saber qual a opinião do partido sobre uma suposta gravação em que presos, ligados a uma facção criminosa, davam ordens por telefone para matança de qualquer político, exceto os do PT”, disse.
Um repórter da Folha, que afirmava ter acesso às gravações, solicitou à época uma entrevista com Paulo Frateschi. O presidente estadual do PT pediu uma cópia das gravações, o que foi negado pelo jornal.
Frateschi encaminhou, ainda em julho, uma nota à Folha, em que defendia a ordem pública e a repressão ao crime organizado. “O Partido dos Trabalhadores irá se manifestar assim que essas gravações fizerem parte de procedimento formal de investigação dos órgãos competentes e a partir delas tomar conhecimento de seu inteiro teor”, afirmou.
Segundo o petista, enquanto os governos federal e estadual buscavam “conjuntamente alternativas para colocar fim ao caos da segurança” em São Paulo, o secretário Saulo de Castro Abreu Filho, “perdeu a compostura e atacou diretamente o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos”. No programa Canal Livre Eleições, da TV Bandeirantes, ele voltou ao ataque contra o PT, fazendo novamente ligações entre o partido e o PCC. “Indagado pelos jornalistas se havia alguma prova ou indício, afirmou que sim, que havia até um inquérito”, lembrou Frateschi.
Após a declaração do secretário na TV Bandeirantes, Frateschi voltou a ser procurado por um repórter da Folha. No entanto, o editor de Cotidiano do jornal, Rogério Gentile, proibiu que o repórter enviasse cópia da fita ou mesmo a transcrição das conversas gravadas.
O presidente estadual do PT enviou então ao jornal perguntas que buscavam “esclarecimento e proteção contra armadilhas comuns contra o PT em períodos eleitorais”. “Ao invés de disponibilizar as informações solicitadas (…), o jornal preferiu tomar parte do plano arquitetado por Saulo de Castro”, afirmou Frateschi na nota divulgada nesta quarta-feira.
Ele criticou a postura da Folha e comparou a tentativa de vinculação do PT com o PCC ao seqüestro do empresário Abílio Diniz, quando, às véspera das eleições de 1989, tentou-se vincular os seqüestradores ao partido. “O PT não tem qualquer ligação com o PCC. Este caso é um escândalo, como foi o caso Abílio Diniz. Trata-se de uma manobra eleitoreira, com objetivo claro de impor desgaste ao PT. E a Folha não pode compactuar com tão vil propósito”, afirmou o presidente estadual do PT.
Reação – Nesta quinta-feira, a Folha publicou uma matéria em que apresenta a reação do PT. Dirigentes do partido reiteram que a escuta telefônica foi uma armação arquitetada pelo secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho.
O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse ter “a mais absoluta convicção de que se trata de uma armação”. “Desconfio que o secretário da Segurança Pública está por trás dessa armação, até porque quem participou da `Operação Castelinho` já tem antecedentes”, disse Berzoini. Ele se referia a uma ação policial em que o governo paulista é acusado de ter preparado uma emboscada para matar 12 supostos membros do PCC.
Segundo a Folha, “Frateschi disse que tudo não passa de picaretagem, ameaçou processar o jornal e afirmou que a reportagem saiu apenas em razão da subida de Lula nas pesquisas para a Presidência”. De acordo com o jornal, o PT deve pedir cópia da fita e perícia. “Fita como essa pode ser produzida por qualquer pessoa mal intencionada. Mesmo que não seja falsa, o simples fato de o inquérito ser instaurado agora demonstra interesse eleitoral”, disse Berzoini.
Fonte: Informes