Volks demite 1.800 metalúrgicos; categoria entra em greve

Poucos minutos antes de uma assembléia na qual decidiriam entrar em greve a partir desta terça-feira (29/08), metalúrgicos da Volkswagen em São Bernardo do Campo receberam da empresa 1.800 cartas de demissão.

“A Volkswagen resolveu comprar a briga com os seus trabalhadores, e essa briga será uma luta dura”, afirmou após a assembléia o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijoó. Segundo ele, a greve será feita na fábrica e os rumos do movimento serão decididos no dia-a-dia.


 


As cartas, com a logomarca da Volks e assinadas apenas pelo departamento de Recursos Humanos, anunciavam a demissão desses funcionários após o fim do acordo de estabilidade, em 21 de novembro. Elas foram entregues em mãos, o que retardou o início da assembléia em quase uma hora, para aproximadamente 15h20.


 


Quando a reunião começou, alguns trabalhadores se mostravam revoltados, outros abatidos, e alguns confusos. “Assim não dá mais vontade de trabalhar aqui”, dizia Cláudio da Conceição Cruz, 39 anos, 17 deles na Volks. Mesmo com a postura quase de desistência, ainda pretendia votar a favor da paralisação e continuar na luta.


 


Com os olhos marejados, Wanderley Cupertino da Silva, 45 anos de idade e 12 de Volks, parecia mais preocupado com um problema que enfrentaria depois da assembléia: encarar a família. Conforme a montadora, 500 dos que receberam as cartas estão no CFE, seu centro de recapacitação de funcionários para o mercado de trabalho, e 1.300 atuam na fábrica Anchieta.


 


A unidade, primeira da Volks no Brasil, tem 12 mil funcionários, dos quais 8 mil ligados à fábrica e o restante à administração. A Volks havia avisado na semana passada que faria a lista, caso não chegasse a um acordo com os metalúrgicos para efetuar cortes de benefícios e eliminar 3.600 postos até 2008.


 


Sem acordo, advertiu a montadora, a fábrica não receberá novos investimentos, o que deve levar ao seu fechamento a médio prazo. A companhia não voltou a se manifestar após os metalúrgicos decidirem pela greve.