China: Amor cibernético e casamento

Com um ano de existência, o Baihe.com é o maior site de encontros da China, um sucesso tão grande como o americano eHarmony.com. O Baihe tem mais de 5.76 milhões de inscritos, uma impressionante proporção dos habitantes da China.

Procurar parceiros de casamento está ficando difícil para os jovens chineses que vivem nas grandes cidades, de acordo com as estatísticas. “A correria do moderno estilo de vida, larga preferência por uma personalidade extrovertida e uma consciência ampliada do valor pessoal, tudo combina com o desafio do tradicional casamento e os rituais de noivado,” diz Tong Xin, professor de sociologia da Universidade de Pequim.


 


Há alguns temores que essa atual forma de aproximação e casamento irá custar problemas afetivos e sociais. Toda terça e sábado, centenas de pais ansiosos se reúnem no parque Zizhuyuan para trocar informações, na esperança de encontrar o par perfeito para seus filhos. Há uma paisagem semelhante a cada quinta e sábado no parque Sun Yatsen em Pequim.


 


“Estou totalmente ocupada com meu trabalho, meus únicos contatos sociais são colegas e ex-colegas de escola. Nas ocasiões que eles têm de me apresentar para pessoas novas, a carência de tópicos de uma conversa normal tem sido uma experiência embaraçosa,” Liang Yu disse. Ela se recusa a ir uma agência de matrimônio, porque considera que “apenas uma pessoa com falhas completas no amor procuraria esse tipo de ajuda!”


 


Tian Fanjiang é o executivo do Baihe.com, Companhia de Tecnologia na Internet Ltda, a qual ele fundou em maio de 2005. Naquele tempo ele deixou seu cargo de consultor administrativo da companhia Accenture. Tian e seus associados decidiram abrir um serviço social na rede para aqueles que procuram fazer amigos na internet, alargando o círculo de contatos de negócios ou simplesmente procurando um parceiro. Logo ficou aparente que 80% dos inscritos estavam buscando um parceiro para casar. Na época que a Baihe foi fundada havia cem ou mais sites de encontros na China. Um deles, love21cn.com, com base em Xangai, chegou a mais de 500,000 participantes desde sua fundação em 2003. Afirma-se que eles já ajudaram 30.000 pessoas a achar um parceiro para casar.


 


A maioria dos sites de relacionamentos pede a seus inscritos para fornecer seus detalhes pessoais como idade, personalidade, tipo de trabalho e nível salarial por meio de um código. Liang, 27, publicou suas informações básicas em vários sites e se encontrou com seis pessoas antes de encontrar o “homem certo”.


 


Tian Fanjiang usou o eHarmony, o site de encontros de maior sucesso nos E.U.A, como modelo para Baihe.com. O eHarmony foi criado pelo um psicólogo de 70 anos de idade. Com a ajuda de especialistas ele formulou um questionário contendo centenas de questões, que envolviam cerca de 12 aspectos diferentes, para achar o parceiro mais compatível.


 


Os inscritos da Baihe preencheram um questionário criado pela companhia e por uma escola chinesa. Ele funciona sob o princípio de reduzir milhões de candidatos para um pequeno grupo de pessoas compatíveis. Isso era um método de enorme sucesso e, em apenas seis meses, o número de inscritos chegou a três milhões. “Nós estávamos atordoados, mas depois eu lembrei que na época que fundamos a Baihe, os investidores nos disseram: No ano que vem, o número de visitas do site deverá bater em dez mil diárias”, recordou. Nos meses seguintes, Tian se preparou para trabalhar na melhoria dos servidores da Baihe, para propiciar um fluxo de usuários melhor.


 


“Um dos meus melhores amigos me recomendou a Baihe depois dele ajudar uma amiga a achar um bom rapaz”, conta Liang Yu. “Depois do registro, o site me pediu para gastar 30 minutos em uma avaliação de psicologia. Quando o resultado do teste chegou começou a fazer sentido. O website é completamente profissional, científico e confiável. Ele mostra potenciais parceiros para mim, via resultado dos testes, na proporção de três por dia. Quando eu finalmente escolhi aquele que parecia combinar comigo, nós começamos a nos encontrar. Hoje ele é meu marido.”


 


Quem procura por um cônjuge, a ênfase dos chineses é na perspectiva da história do casal ou do apoio da família do noivo ou da noiva. A origem da família também tem prioridade porque no ponto de vista chinês, casamento une não apenas duas pessoas e sim duas famílias. Baihe recentemente providenciou um novo serviço pelo qual parentes de seus pretendentes devem conversar e conhecer um ao outro pela internet.


 


O problema maior para Tian é como fazer os usuários pagar as taxas. Na China, lucros são inibidos pelos problemas tecnológicos, assim como as atitudes convencionais. “Nós inicialmente tentamos cobrar os clientes, mas falhamos. Então nós começamos a melhorar nossos serviços para achar o mercado no qual eu acredito que irá recompensar,” diz Tian com confiança.


 


Um documento da IResearch, a companhia de consultoria especializada em temas de internet, prevê um brilhante futuro para websites como a Baihe. O documento, intitulado Pesquisa no Mercado de Encontros via Internet em 2005, confirma que o negócio de encontros via Internet é lucrável. O número de internautas que pretendiam fazer amigos na Internet em 2005 aumentou 46,4 milhões, um aumento de 39,3 por cento em relação a 2004. O IResearch prevê que esta situação irá bater a casa dos 110 milhões em 2008 e que a receita do mercado de sites de relacionamentos se aproximará de um bilhão de yuanes, 70% cento do dinheiro será originado por gente que procura seu par.


 


O sucesso dos sites de relacionamento reflete as mudanças nas atitudes em relação ao casamento entre os jovens chineses. Assim como Tian Fanjiang diz, “Sites de encontro são excelentes para usuários internautas na casa dos 30 anos, porque eles cresceram com a rede e geralmente rejeitam o tradicional modo de encontro que depende dos antigos amigos e parentes.”