Lula disse que governo desmonta quadrilhas seculares

O governo “está fazendo um desmonte nas quadrilhas que existem secularmente nesse País”, disse o presidente Lula, em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, nesta quinta-feira (31), em visita à cidade. Lula citou exemplos de operações deflagradas p

Ele leu uma declaração do delegado geral da Polícia Federal, que afirma: “Tenho para mim que existe corrupção no Brasil desde 1500, mas nunca que eu tenha conhecimento houve um trabalho tão intenso de combate à corrupção como nesses anos recentes”.



 
Para o presidente, “pequenas corrupções” fortalecem a rede das grandes. Ele citou, como exemplos, as pessoas que tentam furar a fila em uma agência do INSS ou subornar um policial de trânsito para não ser multadas. “Eu sou de uma família pobre”, afirmou. “Minha mãe obrigava a gente a levantar o sofá para varrer debaixo dele”, acrescentou. “É o que nós estamos fazendo na corrupção, varrendo.”



 
Lula prometeu apurar qualquer denúncia, “seja do meu partido ou de qualquer partido político”. Ele também disse que as investigações da PF, Corregedoria Geral da União e Ministério Público são feitas de forma silenciosa, sem fazer “estardalhaço” nem “achincalhar” a vida de ninguém.


 


Servidores corruptos


 


A Controladoria Geral da União (CGU) está investigando cerca de 190 servidores públicos suspeitos de enriquecimento ilícito. De acordo com o órgão, o dinheiro obtido ilegalmente por funcionários públicos corruptos tem sido usado tão ostensivamente que facilita a investigação no combate a desvios de recursos federais. As informações foram publicadas no último final de semana pelo jornal O Globo.


 


De acordo com a reportagem, a ostentação – carros importados, mansões e viagens ao exterior – são o ponto de partida para as denúncias. De acordo com o diretor-executivo da CGU, Luiz Navarro, esse tipo de investigação é nova, começou em junho de 2005, e tende a ser intensificada.


 


Segundo Navarro, as demissões desses funcionários podem ser determinadas rapidamente, pois o órgão não é obrigado a comprovar se houve corrupção. Os dois primeiros afastamentos definitivos de servidores devem ocorrer em um mês. Após a demissão, as informações serão repassadas ao Ministério Público, que também poderá investigar a ação ilegal que enriqueceu o servidor e processá-lo criminalmente.


 


Primeira vez


 


Para o deputado Tarcisio Zimmermann (PT-RS), esta é a primeira vez, depois de muitos anos, que o Brasil assiste a uma “desbaratização” completa de esquemas de corrupção no país.  “O governo Lula montou uma estrutura na Polícia Federal e na CGU de combate à corrupção inédita no Brasil. Hoje, estes órgãos possuem condições e liberdade para investigar qualquer tipo de irregularidade, mesmo que se atinja membros do governo”, disse.


 


Segundo o parlamentar, todos os esquemas que estão sendo investigados agora, tiveram suas raízes em governos anteriores. E acrescentou que as investigações são reconhecidas pela população. “As pessoas percebem isso e constatam que não há ocultamento, mesmo que se prenda até um Juiz, como ocorreu em Rondônia”, disse.


 


O deputado Fernando Ferro (PT-PE) elogia o método de investigação usado pela CGU. Segundo o petista, a constatação de riquezas desproporcionais ao rendimento dos servidores públicos é um indício importante de fraudes contra a União. “Não podemos aceitar como normal que um policial, um juiz ou um parlamentar tenha um patrimônio exagerado e desproporcional ao seu rendimento”, disse.


 


Exemplo


 


Um dos exemplos que está sendo investigado na CGU é o de um servidor com salário de R$17,5 mil que remeteu para contas no exterior R$58,5 mil enquanto estava na ativa, o que foi considerado normal pelo órgão. Entretanto, após sua aposentadoria, ele passou a enviar recursos que vão de R$8,9 milhões, em 1998; R$3,6 milhões, em 1999 até R$4,1 milhões, em 2000.


 


Além da investigação de enriquecimento ilícito e de desvios ou uso irregular da máquina, a CGU iniciou uma nova frente para pegar os maus servidores: um cruzamento inédito entre os que são sócios de firmas comerciais e as empresas que se relacionam com os órgãos desses servidores.


 


Com agências