Traslado do Comandante Crioulo, morto pela ditadura

Entidades de direitos humanos e familiares promovem nesta sexta-feira (1/9) o traslado dos restos mortais de Luiz José da Cunha, o Comandante Crioulo. Militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), engajado na luta contra a ditadura militar, o Comandante f

Nascido no Recife em 1943, Luiz José da Cunha ingressou no PCB quando atuava no movimento secundarista. Transferido para o Rio de Janeiro em 1965, foi um dos primeiros a aderir à proposta de Carlos Mariguela para organizar a ALN e fez treinamento em Cuba.



Preso pelo DOI-Codi



Foi preso numa emboscada armada pela equipe do Grupo Especial do DOI-Codi de São Paulo, chefiada pelo agente conhecido como “Capitão Nei” e pelo tenente da PM “Lott”, na Avenida Santo Amaro. Nunca mais foi visto com vida.



O seu laudo necroscópico foi assinado pelos médicos legistas Harry Shibata e Orlando Brandão. As fotos de seu corpo, inclusive de sua cabeça e do seu rosto, evidenciam as torturas que o levaram à morte. Na certidão de óbito, sua cor foi alterada: colocou-se branca, impedindo que fosse feita sua identificação.



A morte do Comandante Crioulo foi reconhecida como de responsabilidade do Estado, nos termos da Lei 9.140/95, por decisão da Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos. Em 1991, ao ser exumada sua ossada, foram encontradas apenas algumas partes. Faltava o crânio.



Só foi possível identificar os restos mortais por meio de exames de DNA, com o suporte da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e da Comissão Especial de Mortos Desaparecidos Políticos. O resultado foi positivo e, após mais 15 anos de luta e espera, finalmente Luiz José da Cunha volta para sua terra natal.



O ato de traslado acontece nesta sexta-feira (1/9), às 9h30, na Catedral da Sé, centro de São Paulo.



Com informações da Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos