Hamas e Fatá anunciam acordo e governo de unidade palestina

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, da Al Fatá, e o primeiro ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, anunciaram nesta segunda-feira (11) que seus partidos vão formar um governo de coalizão. Não foram fornecidos detalhes sobre a aliança, mas os dois lados af

Abbas e Haniyeh interromperam uma reunião entre as duas organizações para fazer o anúncio para a mídia palestina e internacional. “Os esforços contínuos com a finalidade de formar um governo de unidade nacional se concluiram com êxito, com o anúncio de um programa político para este governo”, disse Abbas à TV palestina e à agência de notícias oficial Wafa.



Haniyeh permanecerá no cargo



“Esperamos que nos próximos dias começaremos a formação do governo de unidade nacional. O interesse nacional requer que todo o nosso povo se una para alcançar, em passos seguros, a vitória, com o estabelecimento do nosso Estado palestino independente, tendo Jerusalém como capital”, afirmou ainda.



Como presidente, Abbas deve assinar nas próximas 48 horas um decreto que irá dissolver o atual governo formado apenas pelo Hamas. O decreto autorizará  Ismail Haniyeh a formar um novo governo de unidade nacional, segundo o conselheiro presidencial, Nabil Abu Rudeina.



A proposta que serve de base para a coalizão foi apresentado pela Liga Árabe em 2003. Ela defende um Estado Palestino na Cisjordânia e em Gaza, a aceitação de resoluções da ONU sobre a demarcação territorial e o fim da violência dentro de Israel.Israel havia rejeitado o plano, que requer uma retirada total dos territórios ocupados desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.



“Me sinto orgulhoso e feliz”



“Trago boas notícias ao povo palestino e me sinto orgulhoso e feliz, porque neste importante momento nós estabelecemos um governo de coalizão nacional”, afirmou Haniyeh. Ele informou que deve se manter no cargo de primeiro ministro no novo governo. e confirmou que os dois partidos pretendem governar juntos.



“Este acordo foi antecipado porque a intenção era real e honesta, no interesse maior do povo palestino, visando fortalecer a unidade nacional e proteger os direitos e princípios palestinos”, disse o primeiro ministro.



Detalhes finais por definir



O legislador palestino Saeb Erekat, próximo de Abbas, disse que detalhes finais ainda devem ser definidos. As duas maiores organizações políticas palestinas esperam que o acordo ponha fim ao isolamento internacional do governo palestino, que se prolonga desde a vitória do Hamas nas eleições de 25 de janeiro último.



Com a suspensão da ajuda internacional, desde março, a Autoridade Nacional Palestina deixou de pagar seus funcionários, que entraram em greve na semana passada. Os salários dos 170 mil funcionários sustentam um terço do povo palestino. Após o acordo, Abbas fez um chamamento “ao retorno ao trabalho e ao fim da greve, pois todos os filhos do povo palestino devem se unir no interesse nacional”.



Sem “padrões ditados de fora”



Apesar de ser o primeiro passo para sair do isolamento, o Hamas fez questão de deixar claro que não aceitará pressão externa. Ontem, o primeiro ministro britânico Tony Blair, em visita ao Oriente Médio, disse que um governo de unidade que incluísse o Hamas poderia ser aceitável para a comunidade internacional, caso ele reconhecesse Israel e se desarmasse. Em resposta, o Hamas disse que qualquer acordo com o Fatá seria nos termos dos dois lados, “não de acordo com padrões que nos são ditados de fora”.



Israel recebeu positiva mas friamente o anúncio. Mark Regev, porta-voz da chancelaria israelense escolhido para comentar o acordo, disse que o governo palestino precida reconhecer Israel, renunciar à violência e garantir a libertação de Gilad Shalit, o soldado israelense capturado em 25 de junho. “Isto abrirá as portas para aceleradas conversações e para criar um novo momento no processo de paz”, afirmou.



Com agências