Oliver Stone: “Bush impôs um estado de guerra permanente”

O cineasta americano Oliver Stone acusou nesta segunda-feira (11/9) o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de impor um “estado de guerra permanente” desde os atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington. “Bush abusou do seu pode

Perto de completar, em 15 de setembro, 60 anos, Stone afirmou que, “se Bush tivesse estudado melhor a História, saberia que não se pode ganhar uma guerra contra o terrorismo cerceando as liberdades”. Vencedor de quatro Oscars em sua carreira, o diretor comparou a situação atual nos Estados Unidos ao romance 1984, de George Orwell, já que “os americanos vivem imbuídos pelo medo”.


 


Durante a coletiva, acusou Bush de desvirtuar a luta contra os militantes da rede al-Qaida, de Osama bin Laden, usando a crise para criar pânico e aumentar seu poder dentro dos Estados Unidos. A estratégia da Casa Branca, segundo Stone, “parece saída de George Orwell”. “Creio que houve um abuso dos poderes governamentais”, reforçou.


 


“O que veio depois do 11 de setembro foi pior que a tragédia em si”, disse. O cineasta revelou que Bush e ele foram companheiros na Universidade de Yale na década de 1960, mas o atual governante não tirou as mesmas conclusões que ele sobre o assassinato do presidente John Fitzgerald Kennedy e a Guerra do Vietnã.


 


Autor de filmes como Platoon (1986) e JFK – A Pergunta que não Quer Calar (1991), Stone foi um dos primeiros cineastas a fazer um filme sobre os atentados às Torres Gêmeas nova-iorquinas através do olhar de dois sobreviventes, interpretados por Nicolas Cage e Michael Pena. “É preciso rodar o maior número de filmes possíveis sobre o 11 de setembro. É hora de acabar com o silêncio”, pediu o diretor, que combateu na Guerra do Vietnã – experiência que o inspirou em vários filmes.


 


Novo projeto
Natural de Nova York, Oliver Stone disse que decidiu fazer o filme para “desmistificar o 11 de setembro”, e não com o objetivo de “criticar Bush ou a Guerra do Iraque”. “Meu objetivo era simplesmente honrar os sentimentos dos vivos e mortos no 11 de setembro. Os bombeiros e policiais que participaram dos trabalhos de resgate foram os primeiros a ver o filme e me deram sua bênção. Isso é mais que suficiente para mim.”.


 


Cerca de 20 sobreviventes da tragédia participaram dos preparativos e da rodagem do filme. Stone adiantou que tem planos de rodar um novo filme sobre o 11 de setembro, desta vez sobre “a teoria da conspiração”. “Será sobre como a Casa Branca tinha sua própria agenda, seus próprios interesses que prevaleceram sobre todos os demais antes e depois do atentado”, disse.


 


“Há uma grande história nesse filme – a de uma conspiração de um grupo de pessoas no governo americano que têm um programa e que se utilizaram (dos atentados de) 11 de setembro para realizá-lo”, especificou Stone a jornalistas em Moscou. “Pode ser feito um projeto fascinante sobre o que ocorreu depois do 11 de setembro.”.


 


As Torres Gêmas conta a história de dois policiais nova-iorquinos que ficaram presos nos escombros do World Trade Center depois do desmoronamento. Ambos sobreviveram graças a um fuzileiro aposentado, que os encontrou. Os críticos, acostumados às denúncias exploradas em outros filmes de Stone, como Nixon, surpreenderam-se com o fato de As Torres Gêmeas evitar a política, concentrando-se nos temas tradicionais de Hollywood, como coragem individual, sacrifício, fé e vínculos familiares.