Líder do PT critica golpismo de Jereissati
O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), criticou nesta terça-feira as declarações do presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), que defendeu o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o líder petista,
Publicado 12/09/2006 17:50
Jereissati defendeu o impeachment na última segunda-feira, ao comentar um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que questionou a distribuição pelo PT de cartilhas produzidas pelo governo federal. ''Devemos investigar isso no Senado, no Congresso. É caso de impeachment se não for esclarecido'', disse o senador tucano.
Para o deputado Henrique Fontana, as declarações de Jereissati são de alguém que ''está perdendo a compostura''. ''Tasso Jereissati está perdendo a compostura. Às vésperas da eleição, ele assume idéias golpistas. Isso sugere que ele não é adepto do exercício da democracia e deseja questionar uma decisão que foi tomada pelo povo'', disse.
Segundo o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), não houve ilegalidade na distribuição das cartilhas pelo partido. ''Não houve ilegalidade porque não se tratava de propaganda partidária. Era material institucional, de interesse público. Haveria problema se fosse propaganda que beneficiasse o PT. O objetivo era reduzir custos, e o governo poderia procurar qualquer partido, qualquer entidade que tivesse canais de distribuição, como o PT tem'', disse.
Berzoini lembrou que o relatório do TCU foi assinado pelo ministro Ubiratan Aguiar, ex-deputado federal pelo PSDB cearense. ''Só gostaria de lembrar que o relator foi deputado pelo PSDB. Portanto considero que o melhor seria destinar esse caso para outro, para que não paire dúvida a respeito de decisões políticas na investigação'', afirmou.
Em nota divulgada na tarde desta terça-feira (12), Berzoini também repudia a divulgação precipitada e distorcida dos relatórios do TCU.
De acordo com a nota, todos os documentos comprovando a lisura da operação estão à disposição do TCU (Tribunal de Contas da União), “como sempre estiveram”.
O texto também corrige a informação, divulgada pela imprensa, de que o PT teria distribuído dois milhões de exemplares da revista. Segundo levantamento interno, foram 929.940.
Berzoini lembra que esta não é a primeira vez que procedimentos inconclusos do TCU são alardeados como decisões definitivas e usados com objetivos eleitoreiros contra o PT e o governo Lula.
Leia abaixo a íntegra da nota:
NOTA À IMPRENSA
Em face às matérias divulgadas nos últimos dias na imprensa, relacionadas à distribuição de cartilhas com ações do governo federal, temos a informar que, segundo levantamento interno, o Partido dos Trabalhadores recebeu um montante de 929.940 exemplares (e não dois milhões, conforme publicado por alguns órgãos), e distribuiu na ocasião essas publicações aos seus diretórios e militantes, além de disponibilizá-los em eventos (seminários e reuniões) para os participantes dos mesmos.
Os nomes dos responsáveis pelo recebimento, a quantidade de exemplares, a data de recebimento e as demais informações comprobatórias da utilização dessas cartilhas foram criteriosamente documentadas e estão (como sempre estiveram) à disposição do Tribunal de Contas da União (TCU).
É função do TCU acompanhar e fiscalizar a utilização dos recursos da União com isenção e imparcialidade. O PT sempre apoiou a atuação desse instrumento de controle social. É estranho, porém, que a divulgação precipitada e distorcida desta notícia ocorra em plena campanha eleitoral, e seja tratada por alguns órgãos de imprensa como se já houvesse decisão contrária à distribuição. Isso é inaceitável.
Não é a primeira vez que isso ocorre. Há pouco tempo, em janeiro de 2006, a imprensa divulgou em manchetes um relatório de técnicos do TCU, relativo à compra da carteira de recebíveis do Banco BMG pela Caixa Econômica Federal. As matérias tentavam fazer crer que o TCU já teria se posicionado sobre o assunto, condenando a diretoria da CEF. Em 16 de junho passado, o plenário do TCU, por unanimidade, entendeu não haver irregularidades na operação, fato publicado timidamente pelos jornais.
Ricardo Berzoini
Presidente Nacional do PT