Clarín: Oposição a Lula está a um passo de se fraturar

“A luta interna no PSDB é dura e a aliança com a direita pode se romper”. A estimativa é de Eleonora  Gosman, correspondente em São Paulo do Clarín, jornal de maior tiragem da Argentina, na edição desta quarta-feira. O texto examina os efeit

Os opositores a Lula nunca tiveram uma unidade ideológica séria. Agora sua aliança está a caminho de se esfarrapar. Caso, como indicam os resultados das pesquisas, as eleições de 1º de outubro sepultem o governador Geraldo Alckmin, adversário do presidente brasileiro, no dia seguinte acaba a sociedade de 12 anos entre o centrista PSDB e o direitista PFL. Assim o disse publicamente o titular desta sigla, senador Jorge Bornhausen. Mas isso é apenas parte da história.



“Língua venenosa”



A razão é simples: há uma peleja feroz entre o ex-presidente que governou até 2002 e o resto do seu agrupamento partidário. Segundo homens de seu próprio partido, como presidente honorário e sócio fundador Fernando Henrique Cardoso “traiu” aquele que é visto na oposição como um grande presidenciável em 2010: trata-se de Aécio Neves, governador de Minas Gerais (e cuja reeleição para o cargo já está assegurada no primeiro turno, em 1º de outubro). Fernando Henrique não pôde conter sua “língua venenosa” e sugeriu (embora de forma indireta) que homens do governador Aécio estavam envolvidos na suposta “podridão política” que se desencadeou, segundo FHC, com o governo Lula.



Aécio, neto do célebre Tancredo Neves, que morreu antes de assumir a Presidência em 1985, ontem foi lapidar. Disse que FHC “desagrega mais do que agrega” a social-democracia. É que os termos usados pelo ex-presidente brasileiro, numa carta publicada no sítio partidário na internet, revelam que este decidiu partir para o ataque com o objetivo de impor em 2010 o seu aliado José Serra, como candidato presidencial da sigla. Isto tem dois problemas: 2010 está muito longe; e parte da suposição de que o PT não terá candidato, já que Lula não poderá competir.



“Como pôde fazer algo tão burro?”



Mas o que Fernando Henrique não calculou, segundo analistas consultados por Clarín, foi o impacto político de suas manobras. Com tanta “malevolência”, como dizem muitos de seus colegas, ele ficará apenas com uma sigla, e uma estrutura muito debilitada. Alckmin, a figura eleitoral atual desse partido, não perdoará ao ex-presidente as incontáveis traições contra ele.



Fernando Henrique Cardoso deu a entender, em seu mais elaborado estilo maquiavélico, que o candidato vai perder no primeiro turno. O ex-presidente parece decidido a conservar a maior fatia de poder nem que seja às custas de destruir sua organização. Diplomatas latino-americanos consultados por Clarín estão pasmos: “Como um homem da sua estatura intelectual pôde fazer algo tão burro em política?”, interrogava-se um dos consultados.



A sensação que FHC deixou é de que se trata de um ex-presidente encurralado: sua meta é manter auma presença política que se extingue à medida que sua idade avança. O que resta por analizar agora é que oposição política Lula terá que enfrentar em um segundo mandato.



Fonte: http://www.clarin.com;


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