“Guerra no Iraque foi desastre para a região”, diz Annan
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, disse que a maioria dos líderes do Oriente Médio consideram a invasão do Iraque, comandada pelos Estados Unidos, e suas conseqüências um desastre para a região.
Publicado 14/09/2006 09:58
Em uma entrevista na sede da ONU em Nova York, depois de sua recente viagem ao Oriente Médio, Annan afirmou que a escolha do momento de qualquer retirada americana é agora uma questão-chave.
Annan disse que alguns líderes querem que os EUA permaneçam e estabilizem o Iraque, enquanto outros querem uma retirada imediata. A Casa Branca afirmou que discorda dessa avaliação dos eventos no Iraque.
O porta-voz Tony Snow admitiu que houve “intranqüilidade” no Iraque, mas ressaltou as “tentativas de estabelecer a democracia no Líbano e nas áreas palestinas”. Alegou ainda que a “democracia” também estava “ganhando consistência” no Afeganistão e no Iraque.
Ajuda para tirar EUA do Iraque
Ao falar sobre seu roteiro no Oriente Médio, Annan disse que muitos líderes com os quais ele falou acreditam que a invasão do Iraque desestabilizou a região.
O secretário-geral da ONU afirmou, no entanto, que muitos líderes queriam a permanência dos americanos no Iraque até as condições de segurança melhorarem, argumentando que “tendo criado o problema, eles não podem ir embora”.
Annan disse que outros líderes, especialmente no Irã, pensam que “a presença dos EUA é um problema e que os EUA deveriam partir. E se os EUA decidissem ir embora, eles iriam ajudá-los”.
“Então, de certa maneira, os EUA encontram-se em uma posição na qual não podem ficar nem podem partir”, disse Annan.
“E eu acredito que, se os EUA quiserem partir, o momento escolhido deve ser o melhor e a saída deve ser planejada de tal maneira que não leve a uma intranqüilidade ou uma violência ainda maiores na região.”
Em relação ao Irã, Annan afirmou ter detectado uma leve mudança na abordagem de Teerã e disse acreditar que os iranianos estão mais abertos à idéia de suspender suas atividades de enriquecimento de urânio como parte de negociações.
“Não podemos suportar uma nova crise na região. Eu apelo aos iranianos para que afastem a nuvem de incerteza que ronda seu programa”, disse Annan.