Mercadante cobra explicação de Serra sobre sanguessugas

Mercadante ressaltou que a máfia dos sanguessugas operou na época em que Serra era ministro, e que diante deste cenário o ex-prefeito deveria prestar esclarecimentos à sociedade

O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, cobrou explicações do rival José Serra, em função da notícia do jornal Correio Braziliense de que teria conhecimento do esquema de superfaturamento da venda de ambulâncias na época em que foi ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso.


 


Mercadante, que no final desta manhã havia evitado atacar o adversário, elevou o tom ao ser informado que Serra atribuiu a denúncia ao “kit baixaria” do PT. “Eu esperava dele uma resposta mais esclarecedora e mais respeitosa, porque esta tentativa de responsabilizar terceiros por esse tipo de denúncia eu acho que não ajuda”, afirmou o senador, que fez campanha na zona norte da capital paulista pela manhã e no início da tarde.


 


Mercadante ressaltou que a máfia dos sanguessugas operou na época em que Serra era ministro, e que diante deste cenário o ex-prefeito deveria prestar à sociedade esclarecimentos sobre “suas atitudes, seus procedimentos e por que é que durante toda a sua gestão esse esquema não foi identificado e não foi desmontado”.


 


Antes de tomar conhecimento das afirmações de Serra sobre o caso, Mercadante insistiu que preferia não fazer nenhum tipo de julgamento antecipado do rival, e que a melhor coisa a fazer era aguardar até que o tucano desse suas explicações sobre o caso. “Questões dessa natureza a gente não pode tratar como parte de uma disputa eleitoral”, disse o senador, acrescentando que nunca se comportou desta maneira, e que o fato de Serra ser seu adversário na corrida estadual não interfere nesta postura.


 


Jornal e revista apontam envolvimento de Serra


 


Documentos obtidos pelo jornal Correio Braziliense mostram que Serra, quando era ministro, sabia da movimentação de parlamentares para aprovar emendas que distribuiriam ambulâncias superfaturadas para o estado de Mato Grosso.


 


Segundo a reportagem, de Gilberto Nascimento, Serra ainda teria determinado ao Fundo Nacional de Saúde para “providenciar o empenho e elaboração do convênio”, no caso de uma emenda no valor de R$ 88 mil, para o município de Nossa Senhora do Livramento (MT).


 


Em ofício, datado de 13 de dezembro de 2001, o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Barjas Negri, pediu ao Fundo Nacional de Saúde o “empenho e a elaboração do convênio, com posterior retorno a esta Secretaria Executiva”, a fim de garantir a ambulância ao município. O documento dizia ser uma “determinação do Senhor Ministro José Serra”. A ambulância foi fornecida por duas empresas de fachada do grupo Planam, a Santa Maria e a Comercial Rodrigues. Uma forneceu o veículo e a outra os equipamentos.


 


De acordo com o jornal, Serra sabia da ação dos deputados sanguessugas no Mato Grosso. “Em pelo menos uma oportunidade, ele foi comunicado. No dia 9 de março de 2001, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e outros parlamentares do estado informaram ao então ministro, também por meio de ofício (leia fac-símile 2), que o deputado Lino Rossi (hoje do PP e, na época, PSDB), seria o responsável por indicar os municípios beneficiados com recursos de uma emenda de toda a bancada”, diz a reportagem.


 


Também circula nos meios políticos a informação de que uma revista semanal (há dúvidas sobre qual o nome da publicação, mas os boatos indicam que seria a revista Carta Capital) trará novos elementos que comprovam o envolvimento de Serra com a máfia das ambulâncias.


 



FHC


 


Mercadante comentou também as declarações dadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao jornal Folha de S. Paulo de que não responderia às “provocações baratas” de Mercadante, que havia dito que FHC estaria sendo rejeitado por seu partido como cabo eleitoral. “Eu disse a verdade”, rebateu o senador, aproveitando para citar mais uma vez que acredita que o ex-presidente tem sido evitado pelos candidatos do PSDB na atual campanha eleitoral.


 


“Eu acho que um ex-presidente tinha que ter uma atitude mais equilibrada nos seus pronunciamentos”. Na avaliação do petista, a forma como FHC tem agido “contribui pouco para o processo democrático”.


 


Em tom irônico, Mercadante disse esperar que Fernando Henrique procure o Ministério do Meio Ambiente para abrir um processo contra ele. “A impressão que dá é que eu estou patrocinando a extinção de um animal em extinção, que estou agredindo animal em extinção, que é grão-tucano. Ele acha que está protegido pelo Ibama, mas não está”, emendou.


 



Bolívia


 


Mercadante disse esperar que prevaleçam o bom senso na nova crise eclodida entre o Brasil e a Bolívia envolvendo operações da Petrobras. A Bolívia anunciou decisão dá à empresa de petróleo e gás local, a YPFB, o direito proprietário por essas commodities naquele país.


 


O petista insistiu que é necessário aguardar o andamento das negociações entre os dois governos, mas insistiu que a Bolívia precisa respeitar os investimentos brasileiros. “É um país que precisa respeitar o investimento que o Brasil fez lá, gerando empregos e gerando divisas. Espero que prevaleça uma posição equilibrada e de bom senso por parte do governo boliviano”.


 


Fonte: Ag. Estado