Análise dos grandes jornais volta a mostrar parcialidade tucana da mídia

A imprensa brasileira, representada pelos principais jornais de circulação nacional e as revistas semanais, ao contrário da imparcialidade que declaram, possuem preferência pelo candidato do PSDB/PFL, Geraldo Alckmin, nas eleições presidenciais deste a

Do dia 6 de julho até o final das eleições presidenciais deste ano, a equipe do Observatório Brasileiro de Mídia vem analisando as menções a cada um dos quatro principais candidatos à presidência em nove grandes veículos nacionais.


 


Na última rodada da pesquisa, o tesoureiro do Observatório, Kjeld Jakobsen, analisa que enquanto as matérias negativas contra o Presidente Lula aumentaram, no que se refere ao candidato Geraldo Alckmin, o comportamento da mídia é oposto.


 


A análise feita sobre os cinco principais jornais – Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil, Correio Braziliense e O Globo – mostra uma elevação no número de reportagens positivas para Alckmin (de 40% para 42,2%) e neutras (de 14,7% para 18,9%) e queda no percentual de reportagens negativas (de 45,3% para 38,9%).


 


Ele destacou também uma quase unanimidade entre os veículos em publicar mais matérias favoráveis a Heloísa Helena.  A candidata do PSOL se posiciona melhor que os outros em quase todas as análises.


 


Jakobsen acredita que essa simpatia destinada a ela pela mídia reside no fato de que o crescimento de Heloísa dificultaria a vitória de Lula já no primeiro turno. Logo, esse favoritismo da senadora de Alagoas na verdade seria uma tática pró-Alckmin.


 


No período de 26 de agosto a 1º de setembro, as matérias referentes a Lula, como candidato, eram 51,6% negativas. Agora, no intervalo entre 2 e 8 de setembro, este percentual subiu para 52,8%. Também as matérias negativas referentes a Lula Presidente tiveram aumento, indo de 52% para 54%. Já o de matérias positivas caiu de 25,2% para 23,7%.


 


Dois extremos


 


Jakobsen analisa que ''num extremo temos a Veja, que em 80% das vezes que abordou o candidato Lula o fez de forma negativa e nenhuma vez se referiu ao petista de forma positiva. Alckmin teve 25% de abordagens negativas e também 25% de positivas.


 


O outro extremo é a Carta Capital, sendo que Época e IstoÉ se encontram mais ou menos entre as duas na forma como cobrem os candidatos. A revista de Mino Carta teve 100% de citações positivas a Heloísa Helena, 66,7% a Lula e 30% a Alckmin, sendo que este último foi o único que recebeu menções negativas 60% das vezes.


 


Tendenciosos


 


O objetivo do grupo é acompanhar e divulgar o posicionamento velado desses periódicos, que em sua maioria se declaram imparciais, mas apresentam tendências inegáveis em relação à cobertura dos candidatos. “A única que faz isso de forma transparente é a Carta Capital (que apóia o Presidente Lula).


 


Os demais não declaram apoio, mas suas notícias tendem a ser mais simpáticas em relação a Alckmin e carregam mais nas conotações negativas sobre a candidatura de Lula, principalmente na figura do presidente”, afirma.


 


Não últimas eleições, apenas O Estado de S. Paulo e a Carta Capital declararam apoio a um candidato. Este ano, o jornal ainda não se posicionou oficialmente.


 


Margarethe Born, pesquisadora do núcleo, defende em artigo publicado no site do Observatório que um dos objetivos do programa é garantir o acesso de todo cidadão brasileiro à informação. Desenvolve apontando que acesso não é apenas garantir a possibilidade técnica de receber a informação, mas também a capacidade de analisar seu conteúdo e atribuir um sentido àquela mensagem. “Ele deve ser capaz de trocá-la por um valor positivo em sua vida na comunidade social”, escreve a professora da UFABC e fundadora do curso de pós-graduação de jornalismo da PUC/SP.


 


Este ano, o tema eleições foi escolhido por sua relevância na sociedade brasileira. Porém o objetivo do Observatório é ampliar esta cobertura para outras áreas como educação, políticas públicas, temas referentes ao trabalho e outros tópicos. Sua proposta é produzir um panorama sobre como atua a imprensa nacional e como seus interesses ocultos se expressam na forma de matérias apresentadas como imparciais.


 


Cinco jornais – Folha de São Paulo, O Globo, Estado de São Paulo, Jornal do Brasil e Correio Braziliense – e quatro revistas – Veja, Época, IstoÉ e Carta Capital – estão sendo avaliados. Matérias que citem Lula (PT), Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (P-SOL) ou Cristovam Buarque (PDT) nestes veículos são compiladas e avaliadas como positivas, negativas ou neutras, de acordo com seu impacto na imagem do político.


 


Os números da pesquisa estão disponíveis no site do OBM na internet (www.observatoriodemidia.org.br).


 


Fonte: Comunique-se