Mulheres são menos de 14% dos candidatos a cargos eletivos

Elas representam mais da metade da população brasileira. Quase três milhões a mais do que homens, segundo o último censo do IBGE. Entre os eleitores, 51,5% são mulheres. Mas entre os candidatos que disputam cargos nestas eleições, elas são menos de 14%. O

Apesar disso, em nove estados – Acre, Amazonas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins – nenhuma mulher é candidata ao governo.



No Distrito Federal e em outros cinco estados – Bahia, Espírito Santo, Paraíba, Piauí e Rondônia – só homens disputam o Senado. Segundo a professora Lia Zanotta, diretora da organização não-governamental Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento, a pequena participação se deve à idéia de que o homem deve atuar no espaço público e a mulher deve ficar restrita às atividades privadas.



“É como se elas valessem menos. Isso tem a ver com questões internas dos partidos e com a idéia, contra a qual lutamos, de que mulher não faz política”. Lia Zanotta acredita também que, depois de tanto tempo da conquista do voto feminino, as mulheres já deveriam ocupar mais espaço na vida política.



Um pouco de história
A primeira eleitora do Brasil foi registrada em 1927. Naquele ano, o deputado federal Juvenal Lamartine de Faria, candidato ao governo do Rio Grande do Norte, garantiu o registro de Celina Guimarães.



Em 1931, o presidente Getúlio Vargas criou um novo código eleitoral que permitia o voto para algumas mulheres. No ano seguinte, pressionado pelas feministas, o governo ampliou o direito a todas as mulheres. A conquista foi consolidada na Constituição de 1934.



Alguns direitos, como a licença maternidade de quatro meses, foram consolidados na Constituição de 1988. A participação no mercado de trabalho aumentou, mas as mulheres ainda são discriminadas quando vão procurar emprego e ganham menos para exercer a mesma função.



Dignidade e atuação
Ainda hoje, as mulheres, que são chefes de família em quase um quinto das casas brasileiras, precisam lutar por igualdade. E a professora Teresa Cristina defende que essa luta não deve ficar restrita ao campo político.



“O pleno exercício da cidadania não é só ter o direito de votar. Temos que fazer valer esse direito, votar em boas candidatas, que nos representem decentemente, e fiscalizar o exercício desse mandato para que elas atuem em favor das causas femininas”, ressalta a pesquisadora.



“Apenas votar é insuficiente. É preciso atuar. É preciso lutar por igualdade salarial, proteção às trabalhadoras, pelo direito ao trabalho, ao trabalho digno. As empregadas domésticas têm direitos limitados. Temos que proteger a infância contra abusos no trabalho e sexuais. É muita coisa.”