Genro critica atitude golpista dos “desterrados” da oposição

Para o ministro das Relações Institucionais, a pergunta que se deve fazer é a quem interessa, neste momento da campanha, uma atitude como essa, que ele considera individual. Presidente determinou a mais completa investigação pela Polícia Federal.

por Nelson Breve – Carta Maior


 



Diante da potencial explosivo do caso do dossiê para a campanha de Lula, o Palácio do Planalto resolveu agir. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse na tarde de terça-feira (19) que Lula recebeu com “absoluta surpresa e total indignação” as notícias sobre um suposto envolvimento de pessoas ligadas a sua campanha na compra de dossiê com denúncias contra o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Uma operação que o presidente teria considerado “ilegal, inaceitável e totalmente prejudicial ao processo político e democrático”.


 


De acordo com Tarso, a pergunta que se deve fazer é a quem interessa, neste momento da campanha, uma atitude como essa. Ele mesmo responde que não é ao presidente, que lidera a disputa eleitoral com uma folga superior a 20 pontos percentuais.


 


Confrontado com a opinião dos presidentes dos partidos de oposição que consideram o presidente o maior beneficiado da operação, tanto que pediram a impugnação de sua candidatura, o ministro disse que se trata de uma “bobagem golpista” e que não poderia fazer o mesmo juízo que eles, que estariam sendo “ofensivos, caluniosos e oportunistas”, para tentar “criar uma reversão do processo eleitoral”. Ele aproveitou para desqualificar os senadores Jorge Bornhausen e Tasso Jereissati, considerando-os “dois desterrados”. “Um não teve coragem de ser candidato e outro perdeu o controle político total de seu estado e tem uma relação precária com seu partido”.


 


Para o ministro, “se alguém tomou alguma atitude, e parece que foi tomada, para montagem de dossiês, foi uma atitude individual, inaceitável”. “Se fez pensando que estava ajudando, estava completamente equivocado”, acrescentou. Tarso disse que o presidente determinou que a Polícia Federal faça a mais completa investigação para que os fatos sejam esclarecidos o mais rápido possível “e seja punido com rigor quem cometeu esse tipo de delito”.


 


Ele disse também que o ex-assessor do Gabinete Pessoal do presidente, Freud Godoy, citado por um dos intermediários da negociação presos em São Paulo como envolvido na trama, permanecerá demitido “enquanto o caso não ficar completamente esclarecido”. “Se for engano, isso (a demissão) será reexaminado”, respondeu o ministro após insistência dos jornalistas sobre uma possível reintegração do funcionário. Diante da interpretação corrente no Comitê de Imprensa do Palácio do Planalto de que Tarso havia admitido a volta de Freud, como se uma simples menção ao nome dele tivesse a força de uma condenação absoluta, o ministro pediu que sua assessoria de imprensa deixasse claro que o assunto não estava em cogitação.


 


Tarso afirmou ainda que a investigação da PF deve ser levada a termo nos dois sentidos: o da compra do dossiê, com a revelação da origem do dinheiro, e também o das informações contidas no dossiê. Para ele está claro que, tal como verificado na operação Vampiro, as denúncias mostram que o esquema da operação sanguessuga teve origem no governo anterior. “O presidente determinou que as investigações sejam feitas em todas as direções, como todo o rigor, não poupando qualquer partido, nem qualquer personalidade”.


O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), foi na mesma linha, dizendo que é preciso apurar o mais rápido possível a origem do dinheiro, punindo com rigor quem for culpado, quem quer que seja. Mas lembrou que também é preciso investigar as informações do dossiê, pois 75% das ambulâncias negociadas pelos sanguessugas teriam sido entregues durante a administração tucano-pefelista, que tinha o ministro Serra no comando da Saúde.


 


Fonte: Agência Carta Maior