Lula diz que o caso do dossiê é estrago da política brasileira
O presidente Lula classificou como um “ato de insanidade” o caso da compra de dossiê que envolve o ex-ministro e candidato ao Governo de São Paulo, o tucano José Serra, no esquema dos sanguessugas. Em entrevista à rádio CBN, nesta sexta-feira (22), Lul
Publicado 22/09/2006 16:16
Ele negou qualquer participação no caso. “Porque todo mundo sabe do meu currículo político, da minha participação na política. Todo mundo sabe que tem uma coisa que prezo que é a disputa limpa, o debate político, programático, de idéias”, afirmou.
Segundo Lula, membros da sua campanha acharam que havia na compra do dossiê uma grande oportunidade, mas não levaram em consideração sua linha de atuação. “De repente pessoas acharam que eram espertas e que podiam descobrir a “Mina de Colombo” sem ter em conta que a mim não interessava nada, porque eu não tenho que procurar coisas de adversários, até porque não disputo a campanha em São Paulo”, disse o presidente.
Lula falou exaustivamente sobre o assunto do momento, que é o caso do dossiê e suas consequências na campanha eleitoral.
Sobre a Polícia Federal:
“Eu não me meto e não tenho hábito de dar palpite no comportamento da Polícia Federal. A Polícia Federal tem autonomia e inteligência suficiente para fazer o que ela entende que deva ser feito. O que importa para mim é que tudo seja esclarecido”.
Sobre os envolvidos:
“As pessoas estavam imbuídas de um momento de loucura (…) Acho que essas pessoas se acharam no direito de achar que podiam fazer bem a alguém colocando na sua vida pessoal uma prática política condenável, porque não é possível que uma pessoa honesta faça negócio com bandido (…) Essa estória do Vedoin está rolando há meses na imprensa brasileira e eu não sei como alguém se dispõe a acreditar que o Vedoin ia fazer alguma coisa que pudesse beneficiar a candidatura do PT.”
Sobre o mercado financeiro:
Segundo Lula, a alta de ontem (quinta-feira) do dólar, que subiu 1,47% para R$ 2,209 e atingiu o maior nível desde 14 de julho, é algo normal em um mercado de câmbio flutuante e até é motivo de satisfação para setores da economia que reclamavam da desvalorização da moeda frente ao real. “Nós temos um dólar que é flutuante. Em outras vezes que o governo americano começou a aumentar um pouquinho a taxa de juros, o nosso dólar subiu. Agora, nós temos uma crise na Hungria; nós temos uma declaração do presidente do Equador de que irá renegociar a questão da dívida; e nós temos uma crise nos Estados Unidos” (…) “Isso pode ter tido uma interferência na economia brasileira, mas eu posso dizer que a economia brasileira nunca esteve tão sólida nestes últimos 30 anos como ela está agora. Ou seja, essas crises eventuais não nos preocupam”.
Sobre declarações do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello:
“Não tem nada a ver com Watergate. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral falou isso num momento indevido e fez uma comparação que não tem absolutamente nada (a ver)” (…) “(Em Watergate) você tinha um governo que mandou espionar a sede de um partido político para saber o que o partido pensava. O nosso (caso) é um grupo de pessoas que não fazem parte da direção do partido, que estavam trabalhando temporariamente no departamento da campanha e resolveram comprar um dossiê” (…) “são duas coisas distintas, as duas obviamente condenáveis.”
Sobre o comportamento da oposição:
“A única coisa que a oposição não pode confundir é a briga ideológica que queriam ter comigo, a briga partidária que queriam ter comigo, com a responsabilidade de governar esse País. Por conta do comportamento da oposição, estamos com o Fundeb há mais de um ano e meio (sem aprovação), que é um fundo nacional de educação que poderia colocar mais R$ 4,5 bilhões na educação brasileira” (…)”Me parece que algumas pessoas da oposição não gostam de fazer o jogo democrático, ou seja, tudo pode acontecer desde que eles estejam no poder. Essas pessoas precisam aprender que a democracia é o respeito à vontade da maioria e o povo brasileiro vai se manifestar no dia 1º de outubro” (…) “Não me importo que a oposição fale o que quiser de mim, faz parte do jogo político no mundo inteiro. O que eu quero é que ela seja responsável e vote as coisas que precisam ser votadas”.
Sobre pedido de impeachment da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB):
“As pessoas são livres para falarem o que quiserem” (…) “As pessoas, para falarem em impeachment, precisam ter base jurídica e, sobretudo, ter base política” (…) “Podem continuar falando porque quem vai julgar as pessoas pelo bem e pelo mal é o próprio povo brasileiro.”
Sobre economia brasileira:
“Nenhuma economia está crescendo com a solidez da brasileira” (…) “Nós precisamos refazer a casa. Tivemos que desmanchar a casa, fazer uma alicerce novo, muito sólido e levantar uma parede. E, agora, eu posso dizer: nós vamos madeirar essa casa e cobrir e vai ser uma casa sólida” (…) “Nenhuma economia está crescendo com a solidez da do Brasil, porque nós fizemos uma combinação que poucos países fizeram, de crescimento econômico com uma forte política social” (…) “Eu tive que tirar um doente da UTI e, hoje, ele está fora do hospital. O Brasil hoje está totalmente curado, pode crescer e vai crescer” (…) “Agora, está pronto o Fundo Garantidor, agora está pronto o projeto de PPP e nós estamos chamando os empresários para discutir quais são os projetos”.
Sobre o debate na TV Globo:
“Um presidente da República precisa tomar todos cuidados para um debate, porque não é o Lula que está debatendo, é uma instituição que está lá” (…) “Ir ao debate ou não é uma decisão que eu vou tomar no momento que eu tiver que tomar” (…) “Quando você é oposição, fala coisas que, como governo, você não fala. Você não dá uma satisfação indo em um debate com os adversários que fazem o que estão fazendo” (…) “Se vocês quiserem, eu faço um debate diário. Se vocês quiserem, eu fico das cinco da manhã às cinco da madrugada do dia seguinte fazendo debate. Eu gosto de debate. Agora, é preciso saber qual o interesse do debate” (…) “O meu problema não é debate. Porque eu gosto de debate, adoro debate. Agora, eu estou vendo o comportamento dos candidatos”.
Com agências