Pantomima em Bagdá: Juiz expulsa Hussein novamente

O juiz Mohammed Majid al-Khalifa, que julga Saddam Hussein e seis membros de seu governo, voltou hoje (25/9) a expulsar o presidente do país, deposto pela ocupação anglo-americana em 2003

O juiz, que na semana passada já tinha ordenado a saída de Saddam do tribunal por desacato, ordenou nesta segunda-feira que Hussein fosse retirado, após discussão que foi censurada pela televisão iraquiana.


 


Após interceder várias vezes enquanto o juiz narrava detalhes do julgamento, Hussein foi levado para fora pelos seguranças, a pedido do juiz al-Khalifa. Hussein interrompia o juiz para afirmar que o tribunal não respeita a lei do país e não tem legitimidade.


 



O juiz lhe respondeu que “este é um tribunal legítimo” e que “respeita as regras internacionais”, em que “não se pode interromper uma testemunha ou um acusado, nem tampouco infringir as normas com qualquer pessoa na sala”.


 


O juiz, visivelmente nervoso pelo tom desafiante de Hussein, lhe ordenou pela última vez: “mantenha-se calado e deixe-me continuar minhas palavras”. Após Hussein ter pedido ao juiz para que explicasse então, sua nomeação pelo presidente Jalal Talabani, al-Khalifa ordenou sua expulsão.


 


A sessão desta segunda-feira não teve a presença da equipe da defesa do presidente, que protestou com a sua ausência contra a intromissão do governo no processo, após a destituição, na semana passada, do juiz anterior.


 


Populares a favor de Hussein


 


Cerca de 500 pessoas participaram na última sexta-feira uma manifestação na cidade natal de Hussein, Tikrit, exigindo o retorno do presidente ao poder.


 


A concentração, convocada pela Associação dos Teólogos Muçulmanos e pelo Conselho da Shura de Tikrit, foi realizada na frente da Mesquita Al-Jamaa al-Kabir, antes das orações de sexta-feira.


 


Eles também condenaram as recentes declarações do papa Bento XVI sobre o Islã, pediram o fim de ações militares dos exércitos dos EUA e iraquiano e a libertação dos prisioneiros levados de Tikrit pelas forças de ocupação.