Situação dos palestinos é pior agora que na Intifada, diz ONU

A agência da ONU especializada na assistência aos refugiados palestinos disse nesta quarta-feira (27/9) que o impacto humanitário da crise política na Cisjordânia e na Faixa de Gaza em 2006 é o mais grave para os palestinos em pelo menos seis anos.

A comissária-geral da agência da ONU (UNRWA, na sigla em inglês), Karen Koning Abu Zayd, disse que a situação é pior que durante a Intifada, o levante palestino, durante o qual a economia palestina sofreu forte depressão.


 


“Dos seis anos em que estive aqui, mesmo com os cinco anos de Intifada, isto é o pior que vi na Cisjordânia e em Gaza”, disse Abu Zayd em uma coletiva de imprensa concedida em Amã, capital jordaniana.


 


A UNRWA ampliou sua assistência a um número maior de funcionários públicos palestinos que não estão recebendo seus salários, por causa do boicote financeiro promovido por Israel, EUA e União Européia à Autoridade Palestina, desde que o Hamas assumiu o poder em março, após as eleições democráticas de janeiro deste ano.


 


Esses países alegam que o boicote se deve ao fato do Hamas não reconhecer Israel como Estado e de cessar a resistência armada contra a ocupação israelense do país. A ação, segundo o Hamas, é uma chantagem para desmontar a Autoridade Nacional Palestina como entidade que representa a população árabe de Gaza e da Cisjordânia.


 


Um estudo recente da ONU, divulgado este mês, mostrou que o boicote deixou a economia palestina à beira de um colapso, e advertiu que ela pode encolher até chegar ao mesmo nível de 15 anos atrás, com um desemprego de mais de 50 por cento.


 


Segundo estimativas do Banco Mundial, 70 por cento dos palestinos da Cisjordânia e de Gaza vivem abaixo da linha da pobreza.


 


Abu Zayd afirmou que a distribuição de alimentos ainda é bloqueada de propósito com o fechamento da principal passagem comercial de Gaza por Israel, dentro dos planos da agressão lançada em seguida ao aprisionamento de um soldado israelense em junho por palestinos, pretexto que Israel utiliza para continuar a sua política de “limpeza” étnica na região.


 


“As condições de vida em Gaza já estavam em forte queda bem antes da captura do soldado israelense … Desde então a situação piorou drasticamente”, disse ela.