2º turno é “uma batalha central dos trabalhadores”, diz CSC

Leia o artigo de João Batista Lemos, da CSC, sobre o segundo turno da disputa presidencial. De acordo com Batista, “as organizações populares não devem medir esforços para a mobilização política das bases, o esclarecimento e a conscientização do eleitorad

CSC: Uma batalha central dos trabalhadores


 


Por João Batista Lemos*


 


O presidente Lula venceu o primeiro turno das eleições presidenciais com uma vantagem superior a 7 milhões de votos sobre o candidato da direita neoliberal e seu principal rival, o tucano Geraldo Alckmin. Consolidar e ampliar esta diferença é o grande desafio das forças que apóiam a reeleição, em especial dos movimentos e organizações populares, que devem redobrar a mobilização das bases neste segundo turno e buscar a ampliação política.


 


Esta é a batalha central da classe trabalhadora brasileira neste momento. O perigo de retrocesso neoliberal não pode ser negligenciado. Uma eventual vitória do candidato tucano trará de volta a malfadada reforma trabalhista de FHC, com flexibilização de direitos trabalhistas e a temível prevalência do negociado sobre o legislado. Abrirá caminho à criminalização das lutas e dos movimentos sociais, bem como à privatização das últimas “jóias da coroa” (Petrobrás, BB, CEF).


 


Os efeitos negativos de tal hipótese não se limitariam ao Brasil. Seriam notados em toda a América Latina, com a provável ressurreição da Alca, o enfraquecimento do Mercosul e o isolamento das experiências progressistas e revolucionárias na Venezuela, Bolívia e Cuba Socialista. A confirmação da vitória de Lula, por outro lado, manterá o Brasil e a América Latina no rumo das mudanças, da soberania e da integração solidária em contraposição ao domínio imperialista dos EUA e ao unilateralismo criminoso do governo Bush.


 


Campanhas combinadas
É preciso compreender e ressaltar esta dimensão internacional da luta, cujo caráter de classe foi evidenciado numa pesquisa divulgada recentemente, indicando que 95% das elites empresariais, nacionais e estrangeiras, apóiam Alkmin.


 


Por essas razões, as organizações populares não devem medir esforços para a mobilização política das bases, o esclarecimento e conscientização do eleitorado, procurando desmascarar as tramas da direita e amarrar o voto em Lula. Nos Estados onde haverá segundo turno, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pará, entre outros, a campanha presidencial deve ser combinada com a campanha pela eleição dos candidatos mais afinados com os interesses populares e alinhados com Lula.


 


As classes dominantes brasileiras, em aliança com o imperialismo, estão radicalizando a luta política no Brasil e em toda a América Latina, utilizando para esta finalidade um amplo serviço de desinformação e alienação da opinião pública através da mídia burguesa. Isto ficou claro na exploração do episódio do dossiê Serra/Sanguessuga e nas ameaças de impugnar a candidatura do presidente Lula, impedir sua diplomação caso seja reeleito ou, se isto não for possível, apelar para seu impedimento. São iniciativas de caráter golpista, que ameaçam a democracia e a soberania popular.


 


Contra o retrocesso neoliberal
O segundo turno (dia 29 de outubro) será um momento alto desta luta e cabe às forças progressistas responder com energia e sabedoria, ampliando o leque de apoio à reeleição de Lula e redobrando os esforços para conquistar o voto popular. Os sindicalistas classistas devem estar na linha de frente deste esforço político, procurando envolver o conjunto do movimento sindical (todas as centrais, sindicatos, federações e confederações), assim como as demais organizações sociais.


 


Deve estar no centro dos debates o projeto sobre o Brasil que queremos e o perigo de retrocesso neoliberal, que para a classe trabalhadora significaria aumento do desemprego e perda de direitos como férias, 13º salário e licença-maternidade.


 


Este é o caminho para transformações sociais mais profundas no rumo de um novo projeto nacional de desenvolvimento, com soberania e valorização de trabalho.


 


* João Batista Lemos é da Coordenação Executiva da CSC (Corrente Sindical Classista)