PDT negocia apoio para o segundo turno

Os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições – presidente Lula e Geraldo Alckmin – estão negociando o apoio do PDT do senador Cristovam Buarque, quarto colocado no primeiro turno, detentor de 2,5 milhões de votos. O senador admite que “

O pedetista anuncia que após os contatos com o presidente do Partido, Carlos Luppi e os dois candidatos, vai ser elaborada uma lista dos pontos que  eles defendem, que diz respeito aos direitos dos trabalhadores, aposentados, compromisso com educação, não privatização de setores estratégicos, entre outros.  “E vamos ver qual dos dois se compromete com tudo isso”, afirma o senador.


 


Ainda sobre a transferência de votos do PDT, Cristovam Buarque explica que “nas outras eleições, existia duas simplificação, uma que dizia que quando  o PDT decide, transfere os votos, porque havia direita e esquerda e o nosso eleitor é de esquerda, ia para esquerda. Hoje eu não chamo Lula de esquerda e nem Alckmin de direita, nem um dos dois é de direita ou esquerda, o nosso eleitor pode ir para qualquer um”, avalia, para acrescentar que “eu não tenho a força do Brizola”, outra situação simplista do passado, em que o velho caudilho transferia votos a uma declaração sua.


 


Programas parecidos


 


Na avaliação dele, os programas dos dois candidatos são muito parecidos. E o programa de educação – mote da campanha do pedetista – “não chega aonde a gente quer,  não tem o gesto revolucionário que eu defendo”.


 


Cristovam Buarque repete, mais uma vez, o discurso que pontuou toda a sua campanha presidencial, de que “educação não é apenas um serviço como água, luz, esgoto, educação é um instrumento de transformação do Brasil, um fator revolucionário”, definiu.


 


Ele disse que “falando para o PCdoB” se faria entender melhor. “Até algum tempo atrás valia a idéia da mais-valia entre capital e trabalho criando a desigualdade e exploração; hoje o que gera a desigualdade e exploração não é a mais-valia entre capital e trabalho, mas a mais-valia que surge entre quem tem e quem não tem conhecimento”.


 


Para ele, o engenheiro qualificado tem um padrão de vida semelhante ao do patrão; já o trabalhador menos qualificado tem uma distância grande em relação ao engenheiro assalariado. “Há uma mais-valia e o instrumento para superar isso não é a desapropriação do capital, nem a estatização do capital, é a disseminação do conhecimento. E isso não está no programa deles”.


 


Bom para democracia


 


Cristovam Buarque comemora a realização do segundo turno. “É muito bom para o Brasil, para o processo democrático, com mais três semanas de debate em que vai puder esclarecer muitos pontos nebulosos, tanto dos programas deles quanto das acusações mútuas que eles fazem”.


 


Segundo ele, “o instituto do segundo turno é criação muito rica da democracia, que dá duas chances ao eleitor de escolher o candidato mais próximo dele. No segundo turno, permite que ele escolha o menos distante, portanto ele pode votar no primeiro turno sem medo de eleger o pior, porque terá uma segunda chance”.


 


Para o senador, “muita gente não entende isso e deixou de votar em mim, ou por medo do Alckmin não ir pro segundo turno ou medo de Lula não se eleger no primeiro. Eu sofri com isso”.


 


De Brasília
Márcia Xavier