Contra corrupção, PC chinês inicia seu congresso anual

O evento é uma oportunidade para que o secretário-geral da legenda e presidente da China, Hu Jintao, reafirme seu poder a um ano de sua provável reeleição para a chefia do partido e do Estado. As reuniões ocorrem a portas fechadas, em Pequim, durante quatro dias. É nesse encontro que, tradicionalmente, se definem as linhas políticas e econômicas, que são ratificadas no mês de março pelo Parlamento.

Porém, o 16º Congresso do PCC tem um caráter particular, já que integra os esforços de Hu Jintao para garantir sua reeleição por outros cinco anos durante o próximo congresso. Nos últimos meses, Hu intensificou a luta contra a corrupção, o que o levou a cortar algumas cabeças do partido. Chen Liangyu, secretário do PCC em Xangai, foi o primeiro alto funcionário suspenso de suas funções. Chen era o líder do partido na maior cidade do país e centro financeiro da nação – símbolo do êxito econômico da era Jiang Zemin, o antecessor de Hu.

A reunião será consagrada à deliberação de resoluções que busquem “a formação de uma sociedade socialista harmoniosa”, informou a agência oficial Xinhua (Nova China), ao anunciar a abertura da sessão plenária. O conceito de “harmonia” e “sociedade harmoniosa” – cujas raízes os dirigentes comunistas buscam em Confúcio – servirá para superar o abismo crescente entre os pobres e os ricos mais beneficiados pelos bolsões capitalistas.

Nova etapa
Especialistas afirmam que inserir o conceito de “harmonia” no crescimento econômico chinês será a herança de Hu. Estes mesmos estudiosos defendem as “contribuições” do sistema criado há 57 anos por líderes como Deng Xiaoping e Jiang Zemin. O atual secretário-geral chega à reunião anunciando que está determinado a lutar contra a corrupção.

Embora as discussões no comitê sejam secretas, muitos consideram que alguns membros pedirão a Hu que ele se dedique ao seu discurso contra a corrupção e o transforme em resultados tangíveis. Membros do partido e catedráticos universitários disseram à imprensa chinesa que a grande lição da retirada do líder máximo do PCCh em Xangai deveria ser a aceleração da reforma do atual sistema piramidal do partido.

No PCCh, as decisões-chave são adotadas pelo comitê permanente do politburo (comitê central), que tem nove de seus membros liderados pelo secretário-geral. O politburo conta com 24 membros que se reúnem uma ou duas vezes ao ano. O comitê permanente do PCCh realiza somente uma sessão anual com o objetivo de escutar e aprovar as decisões.

Segundo o Xinhua, o comitê central quer tornar o sistema mais eficaz durante esta sessão anual, “já que a reforma é necessária para construir uma sociedade harmoniosa e para erradicar os elementos que podem causar instabilidade social”.