Divergência entre aliados emperra campanha de Alckmin em seis estados
Na primeira semana após o primeiro turno das eleições. A sucessão de problemas na coligação PSDB-PFL expõe a fragilidade da articulação política da candidatura tucana, que no primeiro turno deixou acumular divergências nos estados. “Agora, são tantos o
Publicado 09/10/2006 15:40
Além do Maranhão, onde os dois candidatos que disputam o segundo turno (Roseana Sarney e Jackson Lago) apóiam Lula, a candidatura Alckmin encontra dificuldades em sua base aliada também no Rio de Janeiro, na Bahia, no Rio Grande do Norte, no Distrito Federal e em Goiás neste segundo turno. Faltaram, na avaliação de integrantes da campanha, estratégia política e credibilidade à candidatura.
O caso do Maranhão é típico. No primeiro turno, o PSDB negou apoio a Roseana Sarney (PFL) e lançou candidato próprio. A senadora recebeu a visita de Alckmin e disse que ficaria neutra na disputa presidencial. Mas, nos últimos comícios, ela chegou a ensinar o eleitor a votar em Lula. Agora disputando o governo com Jackson Lago (PDT), Roseana explicitou o apoio ao presidente, que retribuiu publicamente.
Alckmin conduz as articulações para driblar crises. Tentou convencer o ex-senador Geraldo Melo (PSDB) a levar o PSDB do Rio Grande do Norte a apoiar o senador Garibaldi Alves (PMDB) ao governo estadual, que disputa com Wilma de Faria (PSB). Melo, que teve sua candidatura do Senado preterida pela coligação do PMDB, vem resistindo. Para dirigentes pefelistas, faltou ao PSDB firmeza para cobrar dos diretórios um critério de relacionamento com aliados.
No Rio, o deputado federal Eduardo Paes (PSDB) se lançou ao governo, interrompendo negociação de Alckmin com o pemedebista Sérgio Cabral e irritando o prefeito César Maia (PFL), que lançou a deputada Denise Frossard (PPS). O apoio do casal Garotinho, num encontro com Alckmin em São Paulo, provocou rompimento de Maia e Frossard. Depois de muita conversa, houve recuo. Desde o início, o prefeito faz críticas à condução da campanha.
Na Bahia, a divergência histórica entre PSDB e PFL provocou vários constrangimentos desde que o diretório estadual tucano precisou restringir às pressas evento programado para receber Alckmin, por causa de veto do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL). Na semana passada, nova saia justa. ACM marcou reunião de Alckmin com pefelistas, em Salvador, e o PSDB, às pressas, programou seu próprio evento. No discurso, o deputado Jutahy Júnior, presidente do PSDB local, cobrou apoio de Alckmin à gestão do petista Jaques Wagner, se for eleito presidente. Wagner derrotou o governador Paulo Souto (PFL).
Goiás e Distrito Federal também estão dando trabalho à coordenação da campanha e ao próprio Alckmin. Em Goiás, o senador Demóstenes Torres (PFL), derrotado na disputa para governador, se nega a apoiar Alcides Rodrigues (PP), candidato do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). No Distrito Federal, a governadora tucana Maria de Lurdes Abadia se recusa a subir no palanque de Alckmin ao lado do governador eleito, José Roberto Arruda (PFL), que a derrotou.
No início da campanha, as críticas entre tucanos e pefelistas levaram à criação de um conselho político, integrado pelos presidentes dos dois partidos, senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Jorge Bornhausen (PFL), os coordenadores do PSDB e do PFL – respectivamente senadores Sérgio Guerra e Heráclito Fortes -, e líderes na Câmara e no Senado. A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) tem a missão de mapear divergências locais. O conselho foi ampliado para receber os presidentes do PPS e do PMDB, deputados Roberto Freire (PE) e Michel Temer (SP). O pemedebista Moreira Franco (RJ) também passou a integrar. Temer e Moreira foram os articuladores do apoio de Garotinho a Alckmin, com Tasso. Mas Temer entra na coordenação enfraquecido pois corre o risco de perder sua vaga na Câmara devido a uma recontagem que o TRE fará do quociente eleitoral.
Fonte: G1 (Globo)