Privatizações colocaram oposição  na defensiva

Governo e oposição trocaram farpas no Congresso, nesta segunda-feira (9), um dia após o debate entre os dois presidenciáveis na TV Bandeirantes. A oposição se revezou na tribuna da Câmara, para se defender das acusações dos governistas. Os riscos das p

Segundo analistas políticos, ''nenhum dos oponentes teve um desempenho flagrantemente superior e tanto Lula como Alckmin exploraram vulnerabilidades evidentes de parte a parte. Os escândalos políticos no caso do primeiro, políticas do governo FHC no caso do segundo''.


 


A novidade do debate foi o tom agresivo da fala do candidato tucano. Para os governistas, isso reflete o desespero de Alckmin, que está em desvantagem nas pesquisas de intenção de votos. A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) classificou a postura de Alckmin como ''deselegante'' e ''descortês''.


 


''Fiquei envergonhada com a forma como ele se referia ao Presidente do País. Eu me indagava, sozinha, como um cidadão como este, com tamanha falta de educação e de elegância, pretende ser Presidente do Brasil. Fiquei envergonhada com o que vi. Nada disso, no entanto, me surpreende'', afirmou.


 


A parlamentar comunista fez côro aos demais discursos dos governistas, acusando os tucanos e pefelistas de terem privatizado toda a máquina do Estado, o que pode voltar a ocorrer no Governo Geraldo Alckmin, com as instituições que sobraram do governo FHC. 


 


O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) criticou os dois candidatos, acusando-os de discutirem ''quem fez mais caridade''. Mas também demonstrou preocupação com as privatizações que marcaram o governo dos tucanos.


 


''Insistimos em colocar pontos essenciais, saber a postura (dos candidatos) sobre o leilão das bacias de petróleo, sobre o futuro da Petrobrás – que queremos preservar -, sobre as políticas de direitos trabalhistas – que não podem ser precarizados'', advertiu o parlamentar.


 


A oposição se fez representar na tribuna da Câmara pelos baianos, exatamente os que amargaram pior derrota com a eleição, no primeiro turno, do petista Jacques Wagner ao Governo do Estado. Jutahy Júnior (PSDB) e os pefelistas ACM Neto e José Carlos Aleluia também se uniram em torno do discurso de negação das privatizações das estatais.


 


Distinção


 


O deputado Eduardo Valverde (PT-RO) comentou o debate, destacando as declarações do tucano sobre ética. ''Quando escuto o tucanato falar em ética, penso no passado, na ética que não foi adotada. Por que só agora, em um arroubo eleitoreiro, busca-se defender a ética? Será que o candidato Alckmin esqueceu que sua esposa, Lu Alckmin, ganhou 400 vestidos de um estilista sem pagar um centavo? Será que ele não sabe disso?'', atacou.


 


Para o petista Valverde, ''o importante é que a população, que assistiu ao debate na Rede Bandeirante, que alcançou 20 pontos de audiência, soube distinguir claramente aquele que tem proposta daquele que só quer usar o verbo, como fez o ex-Presidente Fernando Collor de Melo no passado''.


 


''Temos um Presidente que em 3 anos e 9 meses de mandato fez com que o País se desenvolvesse, fez com que crescesse a economia brasileira. Hoje, os principais jornais apontam que a queda da inflação tem aumentado a massa salarial, tem aumentado o poder de compra do trabalhador. Os sindicatos brasileiros que fazem acordo coletivo têm aumento real de salário; melhora a distribuição da renda nacional. Hoje, 9% da população brasileira anteriormente na condição de miseráveis passaram para uma fase superior. Nunca na República brasileira a população excluída ascendeu socialmente como agora'', afirmou.


 


Fantasma das privatizações


 


''É mentira'', esbravejou ACM Neto da tribuna da Câmara, para afastar o fantasma das privatizações que assombrou os tucanos-pefelistas nos discursos desta segunda-feira. O neto de ACM acusou o PT de terrorismo quando alerta para o risco de Geraldo Alckmin privatizar importantes empresas deste País.


 


''Tentaram espalhar pelos 4 cantos do Brasil que a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, os Correios, o Banco do Nordeste e outras empresas seriam privatizadas. Até a Petrobrás. É mentira'', afirmou.


 


José Carlos Aleluia também usou a tribuna para dizer que ''nosso programa de Governo não prevê a privatização do Banco do Brasil, nem da Caixa Econômica Federal, nem da Petrobrás. E eu digo à minha Paulo Afonso: não prevê a privatização da CHESF. Não há isso no programa de Geraldo Alckmin''.


 


Os oposicionistas também desmentiram que o Governo Geraldo Alckmin vá acabar com o Bolsa-Família. ''O nosso partido faz parte da aliança nacional com o PSDB. Não aceitaria que acabasse com o Bolsa Família. Geraldo Alckmin tem o compromisso, pelo contrário, de combater a corrupção para sobrar mais dinheiro para ampliar o Bolsa Família'', disse ACM Neto.


 


De Brasília
Márcia Xavier