FHC: “Não sou contrário à privatização da Petrobras”

“Eu não sou contrário à privatização da Petrobras. A Petrobras tem que ser outra coisa”, defendeu o ex-presidente da República, presidente de honra do PSDB e decano da oposição conservadora Fernando Henrique Cardoso nesta terça-feira (17). A afirmação, em

A frase ocorreu ao fim de uma entrevista longa (16 minutos), obscura e contraditória, levada ao ar ao vivo pela rádio. O presidente usou-a sua maior parte a acusar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “demagogia” e “mentira”. Nos minutos finais, veio o ato falho, no meio de um trecho que teve diferentes interpretações na mídia eletrônica.



“A Petrobras tem que ser outra coisa”?



Vale transcrever a passagem em que acontece o ato falho. “Isso é demagogia. Ninguém vai privatizar a Petrobras”, desmente FHC. Mas em seguida acrescenta: “Eu disse quando foi feita a lei, eu mandei uma carta ao Senado, eu não sou contrário à privatização da Petrobras. A Petrobras tem que ser outra coisa, uma empresa pública, e não como está sendo, usada para fins políticos. Vai ver para quem eles dão publicidade. Pode olhar. É para fins políticos. O Banco do Brasil tem que ser uma empresa pública e não para o Valerioduto. Isso está errado. Então você tem aí empresas que devem ser do governo, mas não devem ser usadas por um partido, e empresas que devem ser privatizadas.” FHC arremata dizendo que esta é “uma discussão arcaica”, pois “no mundo inteiro” já se sabe que tem que haver privatização.



O internauta que queira tirar a teima pode ouvir a entrevista de Fernando Henrique no endereço http://wm-sgr-ondemand.globo.com/_aberto/sgr/1/cbn/2006/noticias/fhc_061017.wma (clique aqui). A passagem controvertida acontece no 13º minuto.



Mais difícil para Alckmin



A gafe ex-presidencial deixa em situação delicada Geraldo Alckmin, empenhado há mais de uma semana em desmentir que pretenda privatizar a Petrobras e o Banco do Brasil, entre outras grandes empresas estatais remanescentes. A insistência do candidato do PSDB-PFL se deve à profunda rejeição que a idéia provoca, inclusive em eleitores que votaram em Alckmin, segundo as pesquisas qualitativas.



Com a entrevista de FHC defendendo o contrário, embora de forma confusa e contraditória, vai ficar mais difícil para Alckmin dar credibilidade ao seu desmentido. E o prejuízo só não será maior caso a complacência da mídia não deixe que a frase reveladora se torne conhecida.



Alckmin esquecido na entrevista



No restante da entrevista, o ex-presidente não apresenta idéias novas, embora eleve a acidez de seus ataques a Lula. “A decepção que eu tenho com o presidente Lula é muuuito grande, porque ele virou um político comum, banal, um político como outro qualquer”, afirma FHC num trecho. Diz que a campanha pela reeleição se utiliza de “mentiras e demagogia” para “amedrontar” os eleitores ao distorcer os fatos.



Alckmin, porém, praticamente não foi mencionado pelo presidente de honra do PSDB. A 13 dias do segundo turno, Fernando Henrique deu a impressão de estar se preparando para o papel de chefe informal da oposição ao segundo mandato de Lula.