Lula sai em vantagem nas alianças do 2º turno
Por Bernardo Joffily
Embora o eleitor brasileiro nem sempre escute no segundo turno a indicação do seu candidato no primeiro, pesam bastante no resultado do 29 de outubro os movimentos das forças políticas não representadas pelos dois candidatos, Luiz
Publicado 17/10/2006 18:54
O candidato tucano foi o primeiro a apresentar um apoio de peso: 48 horas após o primeiro turno, apareceu numa sorridente foto com o ex-presidenciável Anthony Garotinho, a governadora do Rio, Rosinha Garorinho, e a filha do casal, Clarissa, ostentando uma camiseta “Fora Lula”. A adesão, porém, que o prefeito Cesar Maia (PFL) chamou “beijo da morte”, só atrapalhou Alckmin. Implodiu seu palanque no Rio, onde a pesquisa Ibope do dia 13 o aponta 26 pontos atrás de Lula (no primeiro turno ela foi de 20 pontos).
PDT neutro frustrou Alckmin
Nem Lula nem Alckmin receberam apoio de presidenciáveis que ficaram no primeiro turno. Heloísa Helena, e em seguida a Executiva Nacional do seu PSOL, anunciaram já no dia 3 que não apoiariam ninguém. Nesta segunda-feira (16), foi a vez do PDT anunciar que permanece neutro, e proibir seu candidato, o senador Cristovam Buarque, de anunciar seu voto (que é de Alckmin).
A neutralidade pedetista teve sabor de derrota para Alckmin, que na véspera chegou a enviar uma carta atendendo a exigências feitas pelo partido e pedindo seu apoio. “Preferíamos ter o PDT apoiando Lula, por nossas afinidades históricas, mas a posição de neutralidade certamente frustrou mais nossos adversários do que a nós”, avaliou Marco Aurélio Garcia, coordenador da candidatura Lula.
O PSOL e a lógica bipolar
Por baixo da neutralidade do PSOL e do PDT, as forças se polarizam conforme a lógica bipolar dos segundos turnos.
Muitos militantes e parlamentares do PSOL admitem que Alckmin é o mal maior. Dos três deputados federais que o partido elegeu, Chico Alencar (RJ) registra que os pontos de identificação com Lula são bem maiores do que com Alckmin; e Ivan Valente (SP) adverte para “o aumento da repressão, no caso de uma vitória de Alckmin”. A terceira componente da bancada, Luciana Genro (RS) é voto nulo. Dos outros dois partidos que se coligaram com o PSOL para apoiar HH, o pequeno PSTU prega o voto nulo; o ainda menor PCB dá “apoio crítico” a Lula.
No PDT, Alckmin obteve como prêmio de consolação o apoio do vice de Cristovam, senador Jefferson Perez (AM), que antes mesmo do primeiro turno anunciou que está deixando a política, por desgosto com o povo. E conservou o candidato ao segundo turno no governo do paraná, Osmar Dias. Já o pedetista Jackson Lago, que disputa o segundo turno no Maranhão, é Lula, aliás, tal como sua concorrente, a senadora Roseana Sarney (PFL).
Defecções pró-Lula
Roseana, que desde o primeiro turno trabalhou nos bastidores por Lula, está sob ameaça de expulsão do PFL, acusada de traidora pelo presidente da sigla, senador Jorge Bornhausen (SC), outro que se retira da política após esta eleição.
Já o PPS, aliado informal de Alckmin, perde o governador reeleito do Mato Grosso, Blairo Maggi, que decidiu apoiar Lula. Mantém-se com Alckmin o governador reeleito de Rondônia, Ivo Cassol (ex-PSDB), mas com este mandato do PPS também acha-se sob ameaça, na Justiça, devido ao Escândalo das Propinas que abalou o estado.
O cobiçado PMDB
O apoio mais cobiçado, do PMDB, dono de redutos locais bons de voto, se divide entre Lula e Alckmin mas com vantagem para o primeiro. Estão com Lula os Diretórios Estaduais peemedebistas do Paraná de Roberto Requião, Minas desde o primeiro turno, todos os do Nordeste (exceto o de Pernambuco, que caminha para a derrota no segundo turno), Goiás, Tocantins, Amazonas e Pará. A reeleição ficou ainda com a parte do PMDB-RJ que tem mais votos e menos rejeição: Sergio Cabral entrou na campanha de Lula a despeito da adesão dos Garotinho a Alckmin.
Ainda no Rio, o candidato tucano derrotado para o governo, o deputado tucano Eduardo Paes (4,8% dos votos em 1º de outubro) aliou-se ao lulista Cabral. “O que fará o PSDB? Nada? Vai manter a lambança eclética?”, escreveu Maia em seu “ex-blog” internet, cobrando punição para a deserção de Paes.
Com agências