Cruzamento de dados mostra que “na dúvida eleitor não muda”

O diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes tem, pelo menos por enquanto, uma explicação para o crescimento da intenção de voto de Lula em todas as regiões e faixas de renda: “Alckmin não convenceu como alternativa mais segura e, na dúvida, o eleitor

 


Lula conquistou votos nos ninhos dos tucanos. Na região sul, Lula teve 34,88% e, pela pesquisa, empatou com 45,5%, conquistando 10 pontos acima. Quanto a Alckmin, ele obteve 54,93% dos votos no primeiro turno. Agora, segundo a pesquisa, ele tem 45,2%, queda de quase 10 pontos.


 


Já a decepção de Alckmin com o desempenho no Sudeste deve ser amarga. Ele esperava arrebentar em São Paulo e Minas com a vitória de José Serra e de Aécio Neves no primeiro turno. Eleitos com larga margem de votos sobre candidatos petistas, os dois deveriam ser decisivos para o tucano massacrar. Porém, nos dois estados, não está sendo assim. No primeiro turno, Alckmin obteve 45,22% dos votos da região. Na pesquisa, está com 36,7%, menos 11 pontos, enquanto Lula teve 43,28% e a pesquisa aponta 50,9%, ganho de 7 pontos.


 


Pelo visto, Aécio e Serra não se empenharam tanto ou não estão conseguindo transferir votos para Alckmin. Pode ser as duas coisas. Ocorre que a vitória de Alckmin nunca chegou a ser seriamente considerada no PSDB. O partido está disputando 2010, não 2006, e a chegada ao segundo turno foi inesperada. Alckmin teria que ser um fenômeno eleitoral para se impor diante dos cardeais do partido, mas não conseguiu empolgar.


 


Está óbvio que o discurso ético de Geraldo Alckmin incomodou os eleitores de Lula, tanto que lhe impuseram um segundo turno, mas não ao ponto de levar o candidato tucano ao primeiro lugar nas atuais pesquisas. A ética na política não é um argumento tão forte que possa predominar na escolha do eleitor, principalmente em se tratando de reeleição.


 


O eleitor brasileiro, principalmente das classes de renda mais baixa, é bastante cético em relação à honestidade dos políticos. Há o consenso de que, no final, todos são iguais. Isto é, não adianta votar pela honestidade de Alckmin, porque os escândalos vão aparecer, como já ocorreu com presidentes anteriores. Todos tiveram que enfrentar denúncias tão ruidosas quanto as que Lula enfrenta.


 


É claro que a classe média é mais zelosa dos bons costumes na política e valoriza a ética, mas, mesmo assim, pode votar em Lula por achar que lhe falta opção segura. Ricardo Guedes acha que estes eleitores, depois das eleições, vão lhe cobrar duro a postura ética.


 


Sendo assim, Lula ainda pode ter que pagar a conta pelo dossiê. Guedes prevê que o presidente, caso confirme a reeleição, sofra forte queda de popularidade no início do próximo governo. O eleitor será tolerante agora, mas exigente na frente.


 


Fonte: Blog do Etevaldo Dias