Lula se diz “reeleito para fazer justiça pelo povo”

Eu fui reeleito para fazer justiça pelo povo brasileiro” — foram as palavras finais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sua primeira entrevista coletiva de imprensa depois do segundo turno, pelo PT-PCdoB-PRB, na noite deste domingo (29). Lula resp

Lula falou cercado de ministros do primeiro mandato e os presidentes nacionais do PCdoB e PRB, tendo ao lado Marisa. O casal vestia camisetas com a inscrição “A vitória é do Brasil”. “Vamos fazer um segundo mandato muito melhor do que fizemos o primeiro. Muuuito melhor”, frisou.



“Quero conversar com todos”



Lula prometeu que, até dezembro, falará com “todas as forças políticas que compõem o Congresso Nacional, assim como os movimentos sociais”. Disse estar “confiante na compreensão dos partidos que fizeram oposição a nós”, agora que “a eleição acabou”. Garantiu que “não haverá veto a ninguém”, que “quero trabalhar com todo mundo”.


 


“Quero conversar com todos, todos os partidos”, frisou ainda Lula. E citou um tema imediato: “Vamos discutir logo no princípio do mandato a reforma política”.



Mas, quando um jornalista indagou se ele iria enxugar a estrutura altual do governo, com 34 ministérios, como insistiu o presidenciável derrotado, Geraldo Alckmin (PSDB-PFL), Lula cortou rente: “Essa estrutura deu tanto resultado que nós ganhamos a eleição”, lembrou. E citou o exemplo da Secretaria de Igualdade Racial, com um orçamento insignificante, de R$ 18 milhões, mas com um incomensurável “valor simbólico”.



Em outra resposta, a um jornalista argentino, sobre o Mercosul, o presidente reeleito mencionou em tons duros a polêmica de Alckmin sobre o comportamento do Brasil para com a Bolívia. “Existem alguns setores reacionários que achavam que eu devia ser mais duro com a Bolívia”, afirmou, antes de se referir ao acordo Brasil-Bolívia obtido na véspera.



Lula também não mencionou o termo “entendimento”, “acordo” ou “pacto” com a oposição, como alguns analistas têm insistido. Tampouco respondeu diretamente ao jornalista da agência Reuters que perguntou sobre um governo de colaizão.



Agradecimento aos aliados e movimentos



“Os pobres terão preferência no nosso governo. As regiões mais empobrecidas terão a preferência”, frisou o presidente, reeleito com o voto maciço do Nordeste e do Norte — regiões que também escolheram governadores estaduais muito mais próximos da proposta lulista.



Lula agradeceu “aos partidos que nos apoiaram na nossa campanha” e aos numerosos dirigentes sindicais presentes, aos quais voltou a recomendar: “Reivindiquem tudo aquilo que vocês precisarem”. Para ele, “a vitória não é do Lula, não é do PT, não é do PCdoB. A vitória é eminentemente da sabedoria do povo brasileiro”, afirmou.



Para o presidente, “nós provamos que é preciso distribuir (renda e riqueza) para o Brasil crescer”. Ele se referiu já no início de sua fala aos “acertos e erros que o governo fez”, mas, quando um repórter indagou sobre erros e falhas dos últimos quatro anos, preferiu citar uma questão da esfera administrativa: “Uma decisão tomada na minha mesa não pode ficar 30 dias sem ser encaminhada”.



“Não temos tempo a perder. Agora é trabalhar, trabalhar e trabalhar. É por isso que hoje falam na rua, 'Deixa o homem trabalhar'”, afirmou o presidente, citando um dos seus lemas de campanha. Prometeu 5% de crescimento do PIB no ano que vem e “5 ou 6%” nos anos do segundo mandato, reafirmando que “os alicerces” de um longo ciclo de crescimento estão lançados.



De São Paulo