Outubro é o pior mês para ocupantes americanas no Iraque no ano

A morte de cem soldados americanos em outubro no Iraque transforma este mês no mais sangrento para as tropas de ocupação dos Estados Unidos em um ano e no quarto pior desde o início do conflito, em março de 2003.

O Pentágono anunciou hoje (30/10) que a morte de um marine na província de al-Anbar elevou o número de soldados americanos mortos em outubro no Iraque a cem.


 


Ao mesmo tempo, um atentado com carro-bomba cometido hoje junto a um centro de contratação de operários no bairro xiita de Sadr, um dos maiores de Bagdá, deixou 30 mortos e 59 feridos.


 


O atentado não foi o único desta segunda-feira, quando outros dois ataques com carros-bomba deixaram seis mortos e 18 feridos.


 


O Pentágono reconheceu hoje através de seu porta-voz, Eric Ruff, que o número de ataques aumentou, embora tenha vinculado este fato à celebração do Ramadã e às eleições legislativas nos EUA, em 7 de novembro.


 


Os atentados de hoje coincidiram com a chegada a Bagdá do conselheiro de segurança da Casa Branca, Stephen Hadley, que aterrissou em uma visita não anunciada.


 


Hadley se reuniu pouco após desembarcar em Bagdá com o primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, com quem falou de “assuntos políticos e militares”, segundo informou a rede de televisão Al Iraqiya.


 


A mídia especulou que a viagem tem relação com as crescentes divergências que a administração Bush tem com o governo instalado pela ocupação.


 


No sábado, Bush conversou com Maliki por videoconferência durante 50 minutos. O assessor do primeiro-ministro Hassan al-Sneid tinha afirmado anteriormente que Maliki disse ao embaixador americano em Bagdá, Zalmay Khalilzad, que era amigo de Washington, mas “não era o homem dos EUA no Iraque”.


 


Imediatamente após a conversa, Bush e Maliki reiteraram em comunicado que estavam “entregues” a seu “compromisso de trabalhar de todas as formas possíveis por um Iraque estável e democrático”.


 


O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, logo surgiu diante das câmeras para tentar apagar o fogo criado pelo governante instalado. “Maliki não é o homem dos EUA no Iraque, o país tem o papel de assessorá-lo. Ele é o primeiro-ministro, o líder dos iraquianos, o líder soberano do Iraque”, desconversou Snow após a videoconferência.


 


As divergências entre o Iraque e os EUA teriam aumentado na semana passada, quando funcionários do Governo americano anunciaram que Maliki tinha aceitado estabelecer um calendário para o futuro do país. O primeiro-ministro respondeu que ninguém impõe nada no Iraque.


 


Após a reação do primeiro-ministro, Maliki e Khalilzad reiteraram o compromisso do Bagdá e de Washington de continuar “cooperando em favor da segurança e da democracia no Iraque”.


 


O mês de novembro de 2004 foi o mais fatal para as tropas americanas, com 137 mortes. Há ainda 147 mil militares americanos ocupando o Iraque, sendo que é desconhecido o número de militares mercenários que foram contratados pelas forças armadas americanas para realizarem operações “impopulares” contra a resistência do país.