Thomaz Bastos diz que CPI não será prejudicada se acabar antes

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse nesta sexta-feira (10) à Agência Brasil que um eventual encerramento antecipado das atividades da CPI dos Sanguessugas não prejudicará os resultados obtidos pela comissão até o momento.

“Acredito seguramente que a CPI chegará a um termo final. Ela vai apresentar seu relatório e vai prestar uma relevante contribuição para a sociedade”, afirmou o ministro à agência.


 


De acordo com declarações do ministro, a CPI tem sido importante para ajudar nas investigações sobre o esquema de fraude na venda de ambulâncias superfaturadas.


 


O ministro, no entanto, não comentou informações de que a pressão da oposição na CPI diminuiu nos últimos dias. Disse apenas que o que houve foi o acirramento das tensões por causa do período eleitoral. “É natural que (com) a temperatura alta, as licenças poéticas ocorram durante a campanha”, declarou Bastos.


 


Apesar da avaliação do ministro, a CPI dos Sanguessugas esfriou e corre o risco de terminar melancolicamente, com a aprovação de um relatório final pífio sem apontar os culpados no Executivo pelo esquema de compra superfaturada de ambulâncias pelas prefeituras.



 
Passadas as eleições e depois de pedir a cassação de 69 deputados e três senadores acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias, os integrantes da CPI não escondem sua falta de motivação com os trabalhos da comissão e com as investigações sobre os responsáveis pela elaboração do dossiê contra políticos tucanos.


 


“As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público estão bem à frente da apuração da CPI. O que podemos é dar reforço para que as investigações prossigam. Esse caso do dossiê é um fato complexo, extremamente técnico e o Congresso Nacional não dispõe de recursos para fazer esse trabalho”, resumiu o relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO).


 


Ele pretende apresentar seu relatório final no dia 13 de dezembro. Mas antecipa que o texto será basicamente “propositivo” e se limitará a apresentar “um retrato dos fatos” e das investigações feitas pela Polícia Federal. “Não tem nada de novo; não tem nada de retumbante”, afirmou Lando.


 


Apesar do empenho de parlamentares como Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM),Paulo Rubem Santiago (PT-PE), Júlio Delgado (PSB-MG), Raul Jungmann (PPS-PE), Fernando Gabeira (PV-RJ) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) —sendo que estes três últimos estão mais empenhados em desgastar o governo do que propriamente trabalhar pelo sucesso das investigações— o desinteresse dos outros integrantes da CPI ficou evidente nos últimos dias, principalmente com o fim das eleições. Nem mesmo os depoimentos esta semana de ex-ministros da Saúde esquentaram o debate da comissão.


 


A oposição sequer se deu ao trabalho de ir à CPI para atacar o ex-ministro Humberto Costa, apesar de o PT ter levado toda a sua tropa de choque para defender o petista. Por sua vez, o PT também não infernizou o ex-ministro tucano Barjas Negri, que fez um depoimento tranqüilo, sem grandes contestações.


 


Já o depoimento do deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), também ex-ministro da Saúde, foi totalmente esvaziado.


 


Integrantes da CPI dos Sanguessugas apostam que, dificilmente, será aprovado algum novo requerimento, na semana que vêm, pedindo a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de envolvidos no escândalo do dossiê. Os deputados e senadores da comissão também estão céticos em relação ao depoimento, marcado para o dia 21 de novembro, de três petistas supostamente envolvidos na elaboração do dossiê contra os tucanos.


 


Com informações do portal G1