PMDB decide na sexta apoio ao governo; pior para Temer

Os sete governadores eleitos do PMDB se reunem em Florianópolis na próxima sexta-feira (17), com o presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP), para decidir sobre a  participação peemedebista no segundo mandado do presidente Luiz Inácio Lula da S

A tendência foi explicitada pelo governador do Espírito Santo, Paulo Hartung. Após permanecer neutro na campanha pela reeleição, ele defendeu o apoio “em bloco” ao governo e disse confiar em uma presença coesa do partido no bloco governista. “No que depender de mim, no pouco que posso fazer, o PMDB vai estar unido e trabalhando pela retomada da agenda de reformas estruturantes de que precisamos”, afirmou ele ao jornal O Estado de S.Paulo desta segunda-feira (13).



Os governadores reeleitos do Amazonas,  Eduardo Braga, e do Tocantins, Marcelo Miranda, atuaram no apoio à reeleição presidencial desde o primeiro turno. O do Paraná, Roberto Requião, e o do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (este eleito para o primeiro mandato) engrossaram a onda Lula no segundo turno. Dos governadores peemedebista da safra de 2002, Joaquim Roriz (DF) e Germano Rigotto (RS) querem a legenda no governo, enquanto Jarbas Vasconcelos (PE) é tucanista.



Um peemedebista pró-tucanos



A correlação de forças deixa  em posição delicada Michel Temer, que apoiou ostensivamente o candidato presidencial do bloco PSDB-PFL, Geraldo Alckmin. Dentro e fora do PMDB, muitos colocam em dúvida se ele conseguirá se manter à frente da sigla.



A dificuldade é realçada pelo fato de Lula, embora defenda explicitamente uma aliança com o PMDB partidária e programática, vem gelando Temer. Prefere falar com outros peemedebistas, como o deputado eleito Jáder Barbalho, peça-chave na eleição da petista Ana Júlia para o governo do Pará. E ainda não chamou o presidente da sigla.  “Estamos à espera do presidente Lula. Aguardamos uma conversa com ele. O tempo é do presidente. O tempo é todo dele”, conforma-se Temer.



De olho na presidência da Câmara



O deputado, porém, sente que se esgotam as condições para continuar à frente da sigla, e pensa em alternativas. Ele descarta assumir uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ), numa espécie de prêmio de consolação do Planalto. E joga para se candidatar à presidência da Câmara no lugar de Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ele já ocupou o cargo em 1997-2000, como homem do governo Fernando Henrique Cardoso. Tem esperanças de retornar agora com a ajuda da oposição.



“É muito honroso ser presidente da Câmara. Mas essas coisas não se postulam, acontecem”, afirmou o presidente peemedebista ao Estadão, no que o jornal interpretou como “uma indicação de que quer 'acontecer' e voltar ao comando da Casa”. Mesmo que o PMDB não lance o seu nome, o regimento da casa permite-lhe candidatar-se como “avulso”. Quanto a ganhar, dependeria de uma mudança fortemente desfavorável ao governo no clima na Câmara.



Até o mandato corre perigo



Se a alternativa acalentada por Michel Temer é a presidência da Câmara, no extremo oposto ele corre o risco de perder tanto a chefia do partido como até o mandato de deputado federal, que mantém há vinte anos.



Ocorre que o Tribunal Superior Eleitoral validou na semana passada a candidatura de José Abelardo Guimarães Camarinha (PSB-SP). E o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo tem até terça-feira (14) para refazer as contas indicando qual bancada partidária paulista vai perder uma cadeira.



Em dois casos semelhantes ocorridos nesta eleição, o PP e o PSC perderam dois deputados. Se desta vez a perda recair sobre o PMDB, o rifado será Temer. Nas urnas de 1º de outubro, o peemedebista pró-tucanos foi o último colocado entre os três de São Paulo que se elegeram: só garantiu a sua cadeira na divisão das sobras do quociente eleitoral (divisão dos votos válidos pelo número de cadeiras).



“Nas nossas contas ele não perde, mas é claro que isso é muito relativo. A conta é muito complicada e ninguém sabe direito quem ficou com as duas últimas sobras e quem vai perdê-las”, afirmou o líder do PMDB na Assembléia paulista, Baleia Rossi.



No Congresso, 20º lugar



A eleição na rabeira (apesar dos 99.046 votos obtidos) indica uma estrela em declínio. Em outra votação, promovida pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar ) em agosto passado, para escolher os dez parlamentas mais influentes do Congresso, Temer ficou em vigésimo lugar, com 13 votos, quando seu partido possui 79 deputados e 20 senadores na legislatura que se encerra.



O primeiro colocado na escalação do Diap foi Aldo Rebelo, com 49 votos. O segundo foi o senador Renan Calheiros (AL), do PMDB pró-Lula, com 46 votos. O desempenho de Temer não chega portanto a ser encorajador para quem precisará da maioria absoluta dos 513 votos da Casa que ele gostaria de presidir.



Com agências