Dia da Consciência Negra: Pesquisa do IBGE mostra preconceito racial

Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro – resultados da pesquisa do IBGE, divulgada, nesta sexta-feira (17), confirmam a existência de preconceito contra pretos e pardos no Brasil. Segundo a pesquisa, os pretos

Em todas as seis regiões pesquisadas, a taxa de desemprego apurada em setembro para os pretos e pardos era superior à taxa registrada para a população branca. Do total de pessoas desempregadas nessas regiões em setembro deste ano, 11,8% eram pretos ou pardos, acima da taxa de desemprego para os brancos, que era de 8,6%.


 


Segundo mostra a pesquisa, os pretos e pardos que têm 11 anos ou mais de estudo (equivalente ao segundo grau completo) têm rendimentos 48% inferiores aos recebidos pelos brancos na mesma faixa de escolaridade. Também no caso dos ocupados com curso superior concluído, os rendimentos dos pretos e pardos nesse nível de escolaridade é 32% inferior aos recebidos pelos brancos, na média das seis regiões.


 


No caso da região metropolitana de São Paulo – onde o feriado, pela primeira vez, ocorre em um dia útil, o que produzirá suspensão das atividades – a diferença é ainda maior e os rendimentos dos pretos e pardos com 11 anos ou mais de estudo é 51% menor do que o apurado para os brancos.


 


Luta incessante



 
A ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Matilde Ribeiro, em mensagem oficial, lembra que “a luta pela liberdade dos negros brasileiros jamais cessou. Em 1971, um significativo capítulo de nossa história vinha à tona pela ação de homens e mulheres do Grupo Palmares. Lá do Rio Grande do Sul era revelada a data do assassinato de Zumbi, um dos ícones da República de Palmares. Passados sete anos, ativistas negros reunidos em congresso do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial cunharam o 20 de novembro como Dia da Consciência Negra”, explicando a origem da data.


 


Ela enumera as causas que devem nortear a luta do povo de origem africana: “a luta pela liberdade de informação, manifestação religiosa e cultural. Buscamos maior participação e cidadania para os afro-brasileiros e nos associamos a outros grupos para dizer não ao racismo, à discriminação e ao preconceito racial”.


 


Matilde Ribeiro destaca a criação da Seppir como ação importante “na trajetória para conquista de direitos e igualdade de oportunidades”.


 


“Todos os Negros”


 


A Câmara dos Deputados abre na segunda-feira (20) a exposição “Todos os Negros”, produzida pelo Espaço Cultural Zumbi dos Palmares como parte das comemorações do Dia da Consciência Negra. A mostra traz 28 imagens do fotógrafo Celso Oliveira sobre a presença da cultura negra do Brasil. Com a exposição, o artista quer chamar a atenção do público para a miscigenação social e cultural no País.


 


“Todos os Negros” retrata a força da cultura e a religiosidade populares. Ana Carolina Coelho, mestre em Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), associa o trabalho de Celso Oliveira aos “Poemas da Negra”, de Mário de Andrade. Neles, o modernista exalta a beleza de uma raça e constrói cantos de amor. Para ela, “a comemoração da consciência negra se torna apenas mais uma oportunidade para comunicar a beleza, e a fotografia acaba por traduzir essa consciência que ensina a beleza”.


 


De Brasília
Márcia Xavier