Carona de Virgílio no Aerolula racha a oposição

Ao dar carona neste sábado (18) para o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) no avião presidencial, que a mídia batizou Aerolula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu uma polêmica nas oposições. Políticos do PFL e tucanos acharam inadmissível o gesto

A carona foi de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, para Brasília, depois do velório do senador Ramez Tebet, (PMDB-MS). Também viajaram no avião os os senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL), José Sarney (AP), Pedro Simon (RS) e Valdir Raupp (RO).



Clima cordial e blagues a bordo



A bordo, Lula conversou com Virgílio, indagando em tom de brincadeira se havia falado muito mal do tucano durante a campanha eleitoral. Virgílio respondeu que não havia problemas, pois passou quatro anos inteiros falando mal do presidente. O clima cordial foi confirmado por outros senadores-caronas.



Não foi e aprimeira vez que Lula se valeu do avião presidencial para um aceno de boa vontade no sentido da oposição. Em abril de 2005, ao viajar para os funerais do papa João Paulo II, ele levou conigo os ex-presidentes Itamar Franco, José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, este uma espécie de líder extra-oficial da oposição.



Chiadeira no PSDB-PFL



Nesta segunda-feira, porém, muitos oposicionistas criticaram Virgílio por ter subido no Aerolula. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR)não escondeu sua insatisfação. “Não há necessidade de quem perdeu a eleição se jogar nos braços do governo. Temos que ser afirmativos e mais claros do que nunca, para não confundir a opinião pública”, afirmou.



Álvaro Dias propôs que Virgílio, que é líder dos tucanos no Senado, reúna a bancada para discutir o incidente. Disse ainda que prefere tratar a carona do correligionário “como um fato isolado”.



Outro que reclamou foi o senador José Agripino (PFL-RN), ex-coordenador nacional da campanha do tucano Geraldo Alckmin. Agripino disse que, se estivesse em Três Lagoas, não aceitaria a carona. “Na política, há simbolismos”, afirmou o atual líder do PFL no Senado, também dizendo que deseja considerar que foi um “episódio isolado”.



Virgílio engata a ré



Virgílio, diante da bateria de críticas, sentiu-se no dever de fazer uma profissão de fé oposicionista. “Somos oposição, e nossa tarefa é fiscalizar a corrupção e os erros administrativos do governo”, afirmou.



Antes das reclamações, ele tinha usado um tom mais ameno. Até falou bem de uma proposta feita por Lula, de formar um conselho de ex-presidentes da República para discutir a agenda política do país.”A gente quer interagir. Acho interessante essa idéia. Temos de discutir o Brasil. E não fugiremos disso”, disse Virgílio.



O “senador da surra” (uma promessa jamais cumprida) chegou mesmo a elogiar Lula. “Fiquei com a impressão de que o presidente está mais maduro agora do que quando venceu em 2002”, disse.



Com agências