Aeronáutica quer aeroportos normalizados até dezembro

Os constantes atrasos em vôos e a crise que atinge o tráfego aéreo brasileiro foram discutidos nesta terça-feira (21), em audiência no Senado. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, admitiu que a Força falhou ao não organizar uma re

O controle de tráfego aéreo em Brasília está desfalcado desde o afastamento de profissionais após a queda do Boeing da Gol. O brigadeiro considerou, também, existir possibilidade de falha por parte de um controlador de tráfego aéreo de Brasília, dia 29 de setembro, quando o Legacy da empresa americana de táxi aéreo ExcelAire e o Boeing da Gol colidiram. A queda do Boeing causou a morte dos 154 ocupantes. Porém o comandante disse que sua declaração não tem como base as investigações.


 


A audiência pública foi promovida pelas Comissões de Serviços de Infra-estrutura, Relações Exteriores e Defesa Nacional e Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle – esta, presidida pelo senador Leomar Quintanilha (PCdoB/TO). Desde o final de outubro, têm ocorrido constantes atrasos nos principais aeroportos do país. Os controladores de tráfego aéreo realizam operação padrão, aumentando o espaçamento entre as decolagens, para garantir a segurança dos vôos.


 


Medida de urgência


 


O setor entrou em colapso na madrugada de 2 de novembro, feriado de Finados, o que levou o comando da Aeronáutica a convocar controladores para o trabalho, como medida emergencial. O aquartelamento voltou a ocorrer dia 14, véspera do feriado da Proclamação da República. A medida foi suspensa no dia seguinte.


 


Nos dias 19 e 20, os passageiros voltaram a enfrentar atrasos. A Aeronáutica informou que decorreram das chuvas em algumas regiões do país e do rompimento um cabo de fibra ótica do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo 2, que coordena o tráfego na região Sul. A falha afetou a transmissão de dados necessária para o controle do tráfego aéreo. Um avião de pequeno porte que deslizou no gramado do aeroporto de Congonhas, São Paulo, na noite de domingo, teria agravado o problema.


 


O ministro da Defesa, Waldir Pires, informou que “todo o esforço e empenho do governo” é para que a situação nos aeroportos esteja normalizada em dezembro. Uma das medidas que pode ser tomada, segundo o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, Milton Zuanazzi, é a reorganização do mapa de vôos do país para acabar com o horário de pico e o estabelecimento de horários fixos para os vôos charters. Segundo Zuanazzi, a demanda de passageiros cresceu 26% em 2005 e 13% este ano, enquanto o país tem tido crescimento da ordem de 3% ao ano.


 


O presidente da Anac criticou a falta de recursos para o setor aéreo. Mas o ministro Waldir Pires afirmou que “não houve contingenciamento de forma significativa que tenha tumultuado o sistema de tráfego aéreo”. Ele detalhou que, nos últimos quatro anos, foram destinados para o setor R$ 1,84 bilhão, dos quais R$ 77 milhões foram contingenciados. Sobre o fato de os controladores de tráfego aéreo terem o poder de paralisar os vôos, o ministro afirmou: “Num estado democrático ninguém pode ser refém de nada”.


 


Também participaram da reunião os presidentes do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas, Marco Antonio Bologna, e do Sindicato dos Controladores de Vôo, Jorge Botelho, que agradeceu ao ministro Waldir Pires “por ser essa a primeira vez que o sindicato participa de discussões com o Ministério da Defesa”.


 


De Brasília
Carlos Pompe