PF apura que caixa 2 de tucano teve verba pública e privada

A investigação da Polícia Federal sobre a versão mineira do mensalão concluiu que o empresário Marcos Valério de Souza utilizou contas bancárias de suas empresas para girar dinheiro público e privado de um caixa dois que teve como beneficiários o senad

A prática configura crime de peculato, acusação que o Ministério Público Federal pretende sustentar contra o senador Azeredo no STF (Supremo Tribunal Federal). Pelo mesmo crime devem ser acusados Marcos Valério e Cláudio Mourão, tesoureiro de Azeredo na sua frustrada campanha de reeleição ao governo de Minas. O esquema foi repetido por Marcos Valério na campanha eleitoral de 2002, com outros partidos políticos.


 


Na opinião do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), o resultado das investigações da PF comprovam o que ele já afirmava em outubro de 2005, durante os trabalhos da CPMI que apurou denúncias de irregularidades nos Correios. “ O DNA do Valerioduto é tucano”, reafirmou Pimenta, em uma referência a origem do esquema, com políticos do PSDB. O petista lembrou ainda que já naquela ocasião ele denunciou que na gênese de tudo estava o ex-tesoureiro do PSDB de Minas Gerais, Cláudio Mourão, cujo depoimento na CPMI dos Correios evidenciou a ligação entre as empresas do publicitário Marcos Valério de Souza e políticos tucanos.


 


Conclusão


 


Um laudo do Instituto Nacional de Criminalística, que integra a conclusão do inquérito, indica que, em 1998, Valério fez 27 operações para injetar R$ 38 milhões em contas de suas empresas. Em nove empréstimos, contraídos dos bancos Rural e BCN, obteve R$ 34 milhões. Segundo a PF, por meio de saques e transferências, parte do dinheiro foi para campanhas.


 


Parte dos repasses a políticos foi comprovada em documentos obtidos pela CPI dos Correios: docs do BCN (total de R$ 1,16 milhão) e outros do Rural, feitos em 28 de setembro, às vésperas do primeiro turno, que somam R$ 718,02 mil.


 


Azeredo declarou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas ter arrecadado R$ 8,5 milhões. Quando o esquema se tornou público, ele admitiu uma arrecadação paralela, de R$ 8,5 milhões, fruto de um empréstimo ao Rural – sem o seu conhecimento. Azeredo atribuiu a responsabilidade a Mourão.


 


O laudo pericial revela coincidência entre as datas em que Marcos Valério recebe créditos por supostos serviços a empresas públicas e privadas e pagamentos das parcelas dos empréstimos.


 


Parte dos pagamentos está relacionada em uma lista, cuja autoria é atribuída a Mourão, na qual há registro das entradas que teriam financiado o caixa dois. Pelo laudo, a maior parte da lista se confirma na análise das operações de Valério.


 


A PF comprovou também que as estatais Comig (atual Codemig), Copasa (Cia. de Saneamento Básico de MG), além do Bemge, compraram cotas de R$ 1,5 milhão e R$ 1 milhão da prova motociclística Enduro da Independência, evento coordenado pelas empresas de Valério.


 


Cemig


 


Ainda nas estatais, a Cemig (Companhia Energética de MG) aportou R$ 1,7 milhão para a SMPB, agência de Valério. No dia seguinte, a empresa transferiu R$ 1,1 milhão para candidatos do PSDB. Também está confirmada na análise a existência de depósitos das empreiteiras Queiroz Galvão, ARG, Tercam, Erkal e Egesa.


 


Consta do laudo créditos que Valério recebeu da Fundacentro (Fundação Jorge Duprati Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho) e da ex-estatal Telesp. A Fundação, cuja conta publicitária era de Valério, fez pagamentos de R$ 12 milhões em conta ligada ao empresário no extinto banco Bandeirantes (há indícios de que notas apresentadas são de empresas fantasmas).


 


Fontes: Agência Informes e Folha de S.Paulo