Bush vai à Jordânia para recriminar premiê iraquiano
O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, chegou esta quarta-feira (29/11) à Jordânia para dialogar com o presidente americano George W. Bush sobre a ocupação do Iraque, em meio a críticas da Casa Branca a respeito de sua habilidade para resgatar o p
Publicado 29/11/2006 15:45
Bush também é pressionado para encontrar uma saída honrosa para evitar que o Iraque atual desapareça de suas mãos, em meio à violência que tem acometido o país nos últimos meses e a uma saída sem grandes vexames para seus 140 mil soldados que permanecem ocupando a nação árabe.
Antes de conversar com Maliki, Bush mais uma vez colocou a culpa da violência no Iraque no suposto grupo islâmico al-Qaida, e se comprometeu a não retirar suas tropas “antes que a missão esteja completa”, repudiando as mídias que afirmam que o Iraque afunda em uma guerra civil, termo adotado por quase todas as empresas de mídia americanas.
Memorando mordaz
As dúvidas dos Estados Unidos em relação ao seu pupilo iraquiano surgiram a partir de um mordaz memorando mordaz escrito por um conselheiro de segurança nacional americano, Stephen Hadley, publicado pelo jornal The New York Times.
No memorando, de 8 de novembro, Hadley diz a Bush que Maliki precisava de ajuda política e uma possível reorganização de seu governo de “unidade nacional”, integrado por facções hostis, que tem sete meses de formação.
O memorando descreve o líder iraquiano como um homem que “gostaria de ser forte, mas tem dificuldades para isso”.
Maliki voou para Aman, a salvo da crescente insegurança que envolve Bagdá, várias horas antes da chegada prevista de Bush à capital jordaniana, proveniente da cúpula do Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) na Letônia.
Bush revelou que discutiria com Maliki sobre a transferência de “mais responsabilidade” às forças de segurança iraquianas, e à responsabilidade “de outras nações da região de apoiar a segurança e a estabilidade do Iraque”.
O chefe da Casa Branca desmentiu que fosse conversar diretamente com o Irã, sobre a ajuda para estabilizar o iraque, alegando que Teerã “deve primeiro parar com o processamento de urânio”. Bush também disse que “fica a critério” de Bagdá decidir sobre suas relações com seus vizinhos Irã e Síria, inimigos de Bush.
Ali Khamenei, líder religioso supremo do Irã, disse na última terça ao presidente iraquiano, Jalal Talabani, que estava de visita ao país persa, que a invasão e ocupação perpetrada pelos Estados Unidos e pelos “agentes estadunidenses” são os culpados da violência.
Sem estratégia
Estava previsto que Bush e Maliki se reunam em um cenário oferecido pelo rei Abdula da Jordânia e para um café da manhã “de trabalho” na quinta-feira. Hadley disse que “não exibirão nenhuma nova estratégia”.
Na véspera das conversações, o Conselho de Segurança da ONU renovou o mandato da força de ocupação liderada pelos EUA, até fins de 2007, a “pedido” de Bagdá.
A votação demonstrou à região que o Conselho de Segurança apóia a “estabilidade no Iraque e o progresso contínuo rumo à democracia”, alegou John Bolto, o embaixador americano nas Nações Unidas.
Entretanto, o embaixador russo na ONU, Vitaly Tchurkin, disse que lamentava que a resolução não tenha feito menção à necessidade de sanar as profundas divisões na sociedade iraquiana, como Moscou havia sugerido.