`Jornal do Brasil´: No meio do caminho há um José Dirceu

Por Karla Correia e Sérgio Pardellas, no Jornal do Brasil*
No caminho da coalizão costurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o segundo mandato, há José Dirceu. O ex-ministro encarna o papel de pomo da discórdia na composição do g

O PCdoB de Aldo é um dos aliados que já mostra sinais de estremecimento. O presidente da legenda, Renato Rabelo, foi ontem à tarde ao escritório de Dirceu, em São Paulo, para uma conversa cara-a-cara. Pediu “o fim do jogo sujo” na disputa.



Horas antes, o ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, recebeu uma ligação do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), enfurecido com as articulações do PT à sua sucessão. Ouviu de Tarso a promessa de que o Planalto não irá interferir. O governo, no entanto, não vai impedir a movimentação dos petistas.



Dirceu encara a eleição de Chinaglia como trecho do percurso de seu retorno ao poder. Parte dos preparativos de Dirceu para pedir anistia ao Congresso em 2007 passa pelo fortalecimento do grupo de deputados sobre o qual tem forte influência. É o cenário que Lula quer evitar de todas as formas. Na lógica do presidente, a ala petista liderada nos bastidores por Dirceu é ávida por espaços no governo e pode se tornar uma pedra no sapato da coalizão por não ter flexibilidade para negociar. Na disputa pela presidência da Câmara, fazem ouvidos moucos à preferência do presidente.



“Ninguém nunca ouviu o presidente Lula dizer que prefere o Aldo Rebelo”, diz o deputado Devanir Ribeiro (SP).



A frase é um refrão repetido por todo o grupo que se reúne em torno de Dirceu e Chinaglia.



De fato, Lula não partirá para o confronto direto com o partido, exigindo a retirada da candidatura que a legenda pretende lançar na próxima terça-feira. Teme que qualquer gesto mais brusco acabe por encrespar os ânimos da “ala Dirceu”, o que poderia fazê-lo perder o apoio desse grupo no congresso partidário, que acontece em julho do ano que vem. Dirceu se aproveita da limitação de movimentos do presidente para articular. E com isso, tem aprofundado cizânias antigas no partido. Há, no PT, quem rejeite Chinaglia só pelo fato deste ter Dirceu como principal cabo eleitoral.



“Se Dirceu articula a candidatura de Arlindo, o faz de forma clandestina, o que divide o partido”, reclama o deputado Fernando Ferro (PE). – O ideal seria que o PT se unisse em torno de um nome. Com esse tipo de jogada, isso não vai acontecer.



 Fonte: Jornal do Brasil