ACM investe contra `Carta Capital´, “revista porca, nojenta…”
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) investiu nesta terça-feira (5) contra o jornalista Mino Carta, diretor da revista Carta Capital, devido à reportagem O desmonte do carlismo, retratando a tripla derrota do grupo de “Toninho Mal
Publicado 06/12/2006 15:58
“O governo paga uma revista porca, suja, nojenta, do Mino Carta. Eu o conheci quando ele foi demitido da Veja. Ele estava chorando e me pedindo apoio. Ele é muito cínico. Diogo Mainardi faz bem hoje o retrato dele. E hoje ele aqui faz uma capa para ACM. ACM está feliz com isso. Capa de revista, mesmo da CartaCapital – nojenta, suja, porca – é bom! Se ele vender mais, vai vender por minha causa, porque pela revista ele não vende nada: quem paga tudo é o governo”, disse o senador com sua inconfundível oratória.
“Surra histórica” e uma foto eloqüente
Na edição que está nas bancas, a revista não deu capa para O desmonte do carlismo, e sim para Elas não fogem da luta, uma reportagem sobre os avanços e a discriminação das mulheres brasileiras. Mas nas práginas internas o jornalismo Leandro Fortes, de Salvador, retrata sem piedade a “surra histórica” de “Toninho Malvadeza” nas urnas de outubro, onde o seu grupo perdeu para o governo baiano, para o Senado e para a Câmara.
“Acostumado a bater a torto e a direito, ACM levou uma surra histórica nas eleições deste ano, eternizada na imagem desolada do velho coronel de cabeça branca, flagrado pela câmera de Luciano da Matta, do jornal A Tarde“. A foto, de página inteira, flagra ACM ao confrontar a derrota, na noite de 1º de outubro (clique aqui para ver mais).
A polêmica sobre o nome do aeroporto
A reportagem faz o levantamento de numerosos escândalos do carlismo que podem vir à tona com a mudança de governo em 2007, mas foi outro trecho que atraiu particularmente a ira de ACM. É o que noticia um movimento para restaurar o nome o aeroporto de Salvador, “Dois de Julho” (data da vitória da Guerra de Independência, em 1823), no lugar de “Luís Eduardo Magalhães” (filho de ACM, morto em 1998).
“O que ele quer fazer, diz a reportagem, é retirar o nome do aeroporto de Salvador ou da avenida que tem o nome de Luis Eduardo, que foi sem dúvida o político contemporâneo mais importante do Brasil – claro que da sua geração; outros foram muito mais importantes do que ele, mas são de outra geração”, disse ACM, talvez pensando em sua própria biografia — ele já governou por três vezes a Bahia, duas delas sem eleição, durante a ditadura militar.
“Isso tudo é baixeza, mesquinhez; é estar a serviço do dinheiro sujo de um governo corrupto”, desabafou ainda. E prognosticou que “vamos para o descalabro e para o caos, disso não tenha dúvida. Que a mentira e o engodo anestesiaram, por meio da publicidade, a opinião pública, disso também não há dúvida”, disse ainda, sem ousar se referir à derrota eleitoral de seu grupo após décadas de domínio oligárquico, tema principal da reportagem.
Resposta a Suplicy
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu um aparte para discordar. Recordou que “Mino Carta foi um dos principais jornalistas pioneiros neste Brasil”, já foi editor revista Veja, trabalhou muitos anos na Abril, foi o editor do Jornal da Tarde e da revista IstoÉ.
A reação de ACM foi imediata: “Por aí vossa excelência vê: foi em tantos e não ficou em nenhum, porque não presta!”, disparou. Para os que apreciam a oratória carlista, ou os que desejam assistir sua fúria com a derrota eleitoral, o discurso está disponível na íntegra no site do senador (clique aqui para ver).