Corrida de paquidermes: ranking do BC mostra Itaú na frente do Bradesco

Por Maria Christina Carvalho, no Valor Online
O ranking dos 50 maiores bancos de setembro, elaborado pelo Banco Central (BC), causou alvoroço, ontem, no mercado financeiro. Elaborado com base nos ativos exclusivamente bancários, o ranking do BC mostra,

A compra do BankBoston, aprovada em agosto, vitaminou os músculos do Itaú, levando seus ativos bancários a R$ 201,26 bilhões, em setembro, nas contas do BC; enquanto o Bradesco exibia R$ 195,68 bilhões em ativos. 



O BC disse que não entraria na polêmica sobre quem está na frente ou atrás do ranking dos bancos, mas informa que consolida as informações dos conglomerados de acordo com a estrutura societária de cada instituição financeira. 



Assessores do Bradesco apressaram-se em explicar que o número do BC não leva em conta as operações de seguros, previdência e capitalização, que são importantes no caso da instituição. Considerando essas operações, o ativo total consolidado apresentado pelo Bradesco em seu balanço societário atingiu R$ 243,19 bilhões. De fato, a seguradora representa um terço do lucro do Bradesco, totalizando com as empresas de capitalização e previdência R$ 45,7 bilhões em provisões técnicas. 



Enquanto isso, o balanço societário do Itaú mostrou o banco com ativos totais de R$ 206,93 bilhões. O número é também superior ao apresentado pelo Banco Central mas está mais próximo dele. Segundo a assessoria de imprensa do Itaú, “o ranking do BC é correto e reflete efetivamente o volume de ativos”. 



Segundo algumas fontes, o Itaú consolidaria todas as empresas no balanço do banco. O Bradesco deixaria de fora as empresas de seguros de capitalização e só as incluiria no consolidado do grupo financeiro. 



As diferenças existem nos balanços dos outros bancos também, embora não sejam tão expressivas. O Unibanco, por exemplo, quinto lugar no ranking total, reporta ativos totais de R$ 102 bilhões no balanço societário e aparece com R$ 96,79 bilhões no ranking do BC. No caso do ABN AMRO, que divulga um balanço consolidado pro-forma das operações no Brasil, seus ativos totais somam R$ 90,4 bilhões pelos critérios do próprio banco e R$ 88,83 bilhões segundo o ranking do BC. 



O próprio BC ainda tem um outro ranking: por ativos, excluindo as operações puramente de intermediação financeira, em que o banco age em nome de terceiros ou com recursos emprestados no overnight, uma tradicional e generalizada estratégia para engordar os ativos, especialmente nos balanços de final de ano. Nesse ranking por ativos sem a intermediação, os músculos murcham, mas a correlação de forças não muda, de modo geral. 



Para alguns analistas, porém, nessa época de juros e spread em baixa, o que conta mesmo é o ranking de crédito e de depósitos. Por esse critério, o Bradesco continua o segundo maior do mercado e maior entre os privados, com R$ 82,4 bilhões em crédito, quase o dobro da Caixa Federal, e à frente do Itaú, que tem R$ 59,3 bilhões e só atrás do BB, com R$ 107,9 bilhões. Em depósitos, a Caixa passa à frente, com R$ 116,5 bilhões, mas o BB ainda lidera, com R$ 144,9 bilhões. Bradesco tinha R$ 78,98 bilhões em setembro e o Itaú, 56,46 bilhões.