Movimentos sociais dirão a Lula que querem mais ousadia
''Esperamos que agora, no segundo mandato de seu governo, depois da manifestação inequívoca de que nosso povo votou por mudanças, seu governo possa, ao longo dos próximos quatro anos, concretizar as medidas necessárias, tão esperadas pelo povo''.
Publicado 12/12/2006 15:18
As lideranças dos movimentos sociais vão levar estas palavras, em carta assinada por diversas entidades do movimento sindical, popular, camponês, de mulheres, jovens e estudantes, ao presidente Lula, na reunião marcada para esta quarta-feira (13), às 11 horas, no Palácio do Planalto.
A reunião, que foi proposta pelo próprio presidente e organizada pela Secretaria-Geral da Presidência da República em conjunto com a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), vai debater os desafios e prioridades do país em seu segundo mandato, dando continuidade ao diálogo iniciado no primeiro mandato.
Opções ousadas
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta, que participa da reunião, destaca que na carta, os movimentos sociais avaliam que houve um avanço no País no primeiro mandato de Lula, mas esperam que o segundo mandato seja pautado pelo desenvolvimento com distribuição de renda. ''Para isso, destaca Petta'', o Presidente terá que fazer opções mais ousadas na área econômica''.
Na carta, os líderes dos movimentos sociais enumeram oito ítens que consideram importantes para serem seguidos no segundo Governo Lula. A maior preocupação é com a política econômica, que deve garantir crescimento com distribuição de renda e universalização dos serviços públicos de educação, saúde e transporte público.
O movimento social também alerta para a necessidade do desenvolvimento sustentável. ''Não podemos aceitar as insinuações dos interesses de grandes corporações de que a defesa do meio ambiente imperra o crescimento''.
Também é feita referência à necessidade da reforma política, alertando para o fato de que ''o atual sistema de representação e organização partidária caducou''. O documento faz ainda referência aos direitos sociais, que devem ser assegurados, mostrando-se contrário às reformas previdenciária e tributária e nos direitos trabalhistas e sindicais.
Os representantes dos movimentos socias querem discutir também a democratização do poder. Segundo eles, ''achamos que a democratização dos meios de comunicação social é condição fundamental para a democracia em nosso país''. E, sugerem ainda que o governo crie novos mecanismos para que entidades representativas da sociedade e da classe trabalhadora participem das instâncias de poder que tomam decisões importantes para a sociedade.
Portas abertas
O objetivo do presidente é reafirmar que as portas continuam abertas nos próximos quatro anos, para que os setores populares levem suas sugestões e reivindicações. O presidente Lula quier discutir com os movimentos sociais uma agenda de desenvolvimento nacional sustentável e de inserção soberana do Brasil no mundo.
Temas como o crescimento econômico de 5%, distribuição de renda, geração de emprego, inclusão social e novas medidas para aprofundar a participação popular na definição das políticas públicas do governo federal estarão na pauta do encontro. Também será debatida a ação conjunta do governo e dos movimentos sociais voltada para uma nova ordem econômica e política no mundo.
Outros encontros
O encontro reunirá mais de 30 entidades, entre elas o Movimento dos Sem-Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central geral dos Trabalhadores (CGT), UNE, União Brasileira dos Estudantes Secundristas (UBES), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e as principais entidades de defesa dos direitos das mulheres, de combate ao racismo e organizações indígenas, de moradia popular e de juventude.
O presidente Lula pretende manter uma sistematicidade nos encontros com os movimentos sociais em reuniões com as entidades de cada setor para aprofundar o diálogo sobre as políticas setoriais do governo.
De Brasília
Márcia Xavier