Aberto em Brasília o Ano do Centenário de Niemeyer

Nesta sexta-feira (15), dia em que Oscar Niemeyer comemora 99 anos, a Câmara dos Deputados abre oficialmente o ano do centenário do arquiteto, estabelecido por ato do presidente da Casa, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Na cerimônia, na tarde desta sexta-feira (15), no Salão Nobre, foram lançados um calendário com fotos da construção do Palácio do Congresso e a logomarca do ''Ano do centenário de Niemeyer na Câmara dos Deputados''. Também hoje foi inagurado o Museu de Brasilia, mais uma outra de Niemeyer na cidade.


 


Participaram do evento na Câmara, o neto do arquiteto, Cadu Niemeyer, representando seu avô; o secretário de Cultura do Distrito Federal, José Ricardo Marques; o responsável pelo escritório de Niemeyer em Brasília, Carlos Magalhãe e o arquiteto da Câmara Danilo Matoso.


 


Danilo Matoso, que fez mestrado sobre a arquitetura de Oscar Niemeyer, destacou o respeito da Câmara para com o projeto original de Niemeyer ao longo dos anos. E relatou as ligações muito próximas da Câmara com o arquiteto.


 


''Os arquitetos envolvidos com a Câmara dos Deputados foram sempre muitos ligados ao escritório dele. Por vezes, quando vinha a Brasília, se instalava numa das salas do Anexo I para trabalhar. Isso na década de 80'', conta Danilo.


 


Todos os diretores do Departamento Técnico (Detec) da Câmara mantiveram estreito contato com o escritório de Niemeyer, autor dos diversos estudos de construção dos prédios anexos. No final da década de 70, em pleno regime militar, a necessidade de construção do anexo IV para resolver o problema da falta de gabinetes para os deputados fez com que os diretores do Detec fossem a Paris, onde Niemeyer estava exilado, pedir um estudo preliminar – projeto depois concluído pelo arquiteto João Filgueiras Lima. Foi a única obra brasileira idealizada por Niemeyer no exílio.


 


Obra preferida


 


Para Danilo, ''o Congresso Nacional é o prédio que Niemeyer mais gosta'', diz, lembrando que em diversas entrevistas concedidas nos últimos anos, Niemeyer classifica o Palácio do Congresso como sua obra preferida. ''Não só por sua carga simbólica. A terraplenagem na área faz que com as cúpulas, olhando da Rodoviária, pareçam estar pousadas no chão – e não sobre um prédio'', explica.


 


''Existe uma retomada do estudo da arquitetura moderna, nos últimos dez anos, e a Câmara faz parte através do Departamento Técnico. Um dos projetos é de sistematizar os desenhos de Niemeyer que foram tão bem guardados aqui e publicá-los como material inédito, parte dessa cultura de reavaliação do movimento moderno'', concluiu Danilo Macedo.


 


Para as comemorações do centenário de Niemeyer, o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, vai criar um grupo de trabalho encarregado de elaborar a programação. O grupo será composto por servidores de diversas áreas da Casa – Departamento Técnico (Detec), Secretaria de Comunicação Social (Secom), Centro de Documentação e Informação (Cedi), Assessoria de Projetos Especiais (Aproj) da Diretoria-Geral e Espaço Cultural Zumbi dos Palmares.


 


Muitos anos de vida


 


Oscar Niemeyer Soares Ribeiro de Almeida nasceu no Rio de Janeiro, no bairro das Laranjeiras, em 15 de dezembro de 1907. Era neto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ribeiro de Almeida. Ingressou na Escola Nacional de Belas Artes aos 26 anos, onde fez o curso de arquitetura.


 


Um dos professores de Niemeyer foi o urbanista Lucio Costa, então diretor da Escola Nacional de Belas Artes. Foi no escritório do urbanista, também arquiteto, que ele conseguiu o primeiro emprego. Aceitou trabalhar de graça. Sua principal influência foi a arquitetura moderna européia, difundida por Le Corbusier.


 


Em 1939 conheceu Juscelino Kubitschek – por intermédio do governador mineiro Benedito Valadares. Juscelino era prefeito de Belo Horizonte, no início da década de 40, e contratou Niemeyer para projetar o complexo da Pampulha. ''Brasília nasceu em Pampulha'', gosta de repetir o arquiteto.


 


A parceria abriu caminho para que Juscelino, eleito presidente da República, chamasse Niemeyer para projetar Brasília. O arquiteto recusou e sugeriu a realização de um concurso público, vencido por Lucio Costa. O resto é história.


 


Com agência Câmara