Aldo vai a Lula e oficializa sua candidatura à reeleição
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), informou oficialmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro nesta quinta (21), que é candidato à reeleição. A informação é de parlamentares da base governista que o apóiam.
Publicado 21/12/2006 23:13
por Cláudio Gonzalez
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), reuniu-se hoje com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O comunista foi comunicar a Lula que é candidato à reeleição para a presidência da Câmara, posto que ocupa desde setembro de 2005.
Trata-se de movimento importante, pois a candidatura de Aldo –ainda não oficializada até então– estava sendo fragilizada pelo avanço das articulações de outras candidaturas, como a do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Lula prefere que Aldo seja reeleito, mas não quer errar desta vez como em 2005 (quando Severino Cavalcanti foi eleito). Mas depois da conversa de hoje, Lula pode estar mais seguro do caminho que a base aliada deve seguir. Aldo mostrou ao presidente que tem condições de articular sua reeleição. Hoje, Aldo tem os apoios de PCdoB, PSB e de parte de PP, PL e PMDB. Além disso, já recebeu também promessa de suporte de parte considerável do PFL (inclusive do líder dessa sigla na Câmara, Rodrigo Maia) e de setores do PSDB.
Chinaglia, por sua vez, tem apoio consolidado apenas no PT e precisou fazer promessas ao PMDB para tentar ganhar o apoio da maior bancada da Câmara. Em carta ao presidente do PMDB, Michel Temer, o PT propôs ocupar a presidência da Casa nos próximos dois anos e depois apoiar um peemedebista para ocupar o cargo nos dois anos seguintes. Temer ficou de consultar a bancada de seu partido para dar uma resposta ao PT.
O grupo conhecido como Câmara Forte, que reúne, segundo seus articuladores, 117 deputados de diversos partidos, também se mostrou aberto à negociação com Chinaglia. O problema é que a eleição para a presidência da Câmara, em fevereiro do ano que vem, será decidida com os deputados eleitos em 2006 e 240 novos parlamentares substituirão atuais integrantes do parlamento. Ou seja, não se sabe qual será o tamanho do grupo Câmara Forte na próxima legislatura nem se os novos parlamentares acatarão acordos feitos na atual legislatura.
Mesmo se conseguir algum apoio para seu candidato, o PT agora, com a oficialização da candidatura de Aldo, terá que escolher se mantém a candidatura de Chinaglia sob o risco de repetir o fiasco da disputa anterior que culminou com a derrota do então candidato petista Luiz Eduardo Greenhalgh, ou se fortalece a possibilidade da Câmara continuar com um presidente da base aliada.
Episódio do reajuste
Ao contrário do que certos analistas concluíram, o recente episódio sobre o reajuste dos salários dos parlamentares fortaleceu a candidatura de Aldo Rebelo ao invés de desgastá-la. Aldo assumiu a defesa de uma decisão coletiva do Congresso e, quando a reação popular à medida mostrou que a sociedade não aceitou a decisão sobre o reajuste, o presidente da Câmara teve coragem, serenidade e humildade para reconhecer o equívoco da medida e recolocar o assunto para debate sem repassar a culpa a terceiros nem condenar ou confrontar os adversários da medida.
O líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ), sustentou que Rebelo foi corajoso ao defender uma proposta salarial que era da maioria da Casa. ''Na sociedade, pegou mal, e ele sofreu desgaste. Internamente, por defender o que decidiu a maioria, ele não se enfraqueceu'', avaliou Alencar.
''Aldo terá de reunir os amigos e planejar este mês de janeiro. Ele continua sendo o nosso candidato'', afirmou o deputado Renato Casagrande (PSB-ES), um dos articuladores da candidatura de Rebelo.