Metroviários dão a Lembo abaixo-assinado contra privatização

A categoria foi representada pelo presidente do Sindicato dos Metroviários de SP, Flávio Godoi; os diretores da entidade Manuel Xavier Lemos Filho, Aparecido José da Silva e Maruzan Fernandes de Brito; além do presidente da Fenametro, Wagner Fajardo,

Na audiência – que durou cerca de uma hora -, o governador primeiro quis, segundo suas próprias palavras, “aprender um pouco”, tirando dúvidas sobre o sistema de transportes. Depois questionou os argumentos dos metroviários para se opor à Parceria Público-Privada (PPP) da Linha 4.

Em suas exposições, os sindicalistas sustentaram que a privatização será prejudicial à população e à categoria metroviária. Para respaldar a luta da categoria, eles entregaram a Lembo um ofício acompanhado de relatório com análise do edital de licitação da Linha 4 feita pelo Sindicato. O documento detalha as posições do sindicato.

Mediação
Lembo também recebeu uma cópia das 48.955 assinaturas colhidas contra a privatização do Metrô, em manifestações realizadas em diversas estações. Os diretores também pediram ao governador sua intervenção para suspender os processos judiciais movidos pelo governo estadual e Cia. do Metropolitano contra o sindicato e seus dirigentes.

O governador ouviu atentamente os metroviários e se comprometeu a intermediar uma reunião dos sindicalistas com o futuro governador José Serra, que assumirá em 2007. É Serra, efetivamente, quem poderá tomar providências contra a entrega do Metrô para a iniciativa privada.

Flávio Godoi avaliou o encontro como “positivo”. Segundo o presidente do sindicato, ao longo de todo o processo de luta contra a privatização da Linha 4, foi a primeira vez que um governo do estado recebeu os trabalhadores metroviários e se comprometeu a intervir junto ao novo governo para que sejam recebidos em audiência.

Protesto bem-sucedido
Os diretores do sindicato conseguiram marcar a audiência ao solicitá-la diretamente a Cláudio Lembo no último dia 4, durante protesto contra a privatização da Linha 4. O convite foi feito em meio a um evento promovido pelo Metrô e pelo governo estadual, no canteiro de obras da futura estação Pinheiros, para celebrar a continuidade da PPP da Linha 4. Lembo topou a audiência na hora.

No dia 28 de novembro, em julgamento realizado no Tribunal de Justiça, juizes da 3ª Câmara da Fazenda Pública haviam derrubado, por três votos a zero, a liminar que garantia a suspensão do processo licitatório da Linha 4 – Amarela. A medida permitiu que o governo e o Metrô dessem continuidade ao processo de privatização.

Na opinião do sindicato, a decisão judicial “contribui com a malversação do dinheiro público, bem caracterizada nesta privatização, quando o Estado dará uma série de benefícios à iniciativa privada”. Um parecer do Ministério Público do Estado admitiu a privatização da Linha 4 representa “um prêmio ao empresário equivocadamente chamado parceiro”. Segundo o texto, “é a consagração do capitalismo selvagem, o capitalismo sem risco para os poderosos, sempre em prejuízo popular”.