Artigo de Vinícius Puhl: Ano novo e paralelos que se cruzam

O ano de 2006 nos remete a um conjunto de lembranças boas e más. Um ano sangrento para a humanidade, a começar pelos jornalistas que morreram em quantidade maior, assassinados no Iraque. Ano sangrento para a humanidade, que vê a barbárie tomar conta de cada pedacinho de civilização que ainda resta. 

A disputa econômica, patrocinada pelas empresas transnacionais sediadas nos EUA, e executada pelo governo norte-americano levou a guerra sem fim e, nos manuais de Washington, à guerra preventiva.

Neste ano que passou os povos contam seus mortos e a Revista Forbes conta a lista dos 400 mais ricos do mundo. Pela primeira vez todos têm mais de um bilhão de dólares cada. O presidente da Microsoft, Bill Gates, continua na liderança da lista pelo 13º ano consecutivo.

São 777 milhões de pessoas que passam fome nos países em desenvolvimento e, quatro dos dez primeiros da lista dos mais ricos do mundo são da família Walton, proprietária da rede de supermercados Wal-Mart. A lista totaliza uma riqueza de U$ 1,25 trilhões, um aumento de mais de 10% em relação ao ano passado.

O executivo de hotéis e cassinos Sheldon Adelson saltou da 15ª posição no ranking passado para a terceira colocação. Seu sucesso se deve à decisão de abrir um cassino em Macau, ilha no sudeste da China. Estima-se que Adelson ganhou cerca de US$ 1 milhão por hora nos últimos dois anos. São informações da BBC.

Este é um retrato por onde anda a nossa sociedade. Caminha numa estrada paralela a civilização, pois enquanto alguns contam sua fortuna, muitos outros contam seu sofrimento. Lamentavelmente, a cada ano que passa vamos vendo aumentar a proporção de sofrimento a medida em que aumentam a fortuna dos mais ricos do mundo.

Em 2007 teremos muitas lutas de idéias a travar, a começar pelas simples, expostas da melhor forma possível pelo professor Emir Sader em seu “Guia para ser ex-esquerdista”, onde detalha alguns dos pensamentos praticados hoje em dia, do tipo: “o socialismo fracassou”, “estou decepcionado com a esquerda”, “são todos iguais”, “não existe mais esquerda e direita”, entre outros.

No entanto, há muitos argumentos, fatos e acontecimentos históricos, científicos e culturais que nos instrumentalizam para construir desde já uma nova sociedade. O desejo de vê-la brotando, fruto do trabalho de cada um e da luta incansável e persistente pelo socialismo renovado, com a cara e as cores da nossa nação, nos remetem a felicidade com os olhos no futuro e na luta do dia a dia para colocar nos trilhos o mundo.

Boas festas, com música e alegria, mas como diz um outro camarada nosso, com muita luta, para que um dia a festa, a música e a alegria chegue para todos e fique para sempre.

Feliz 2007!

Vinícius Puhl é Secretário de Comunicação do PCdoB/SC