Ministros “técnicos” terão que ter visão política, diz Dilma

A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá mesclar técnicos e políticos na composição ministerial do segundo mandato. Durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, a minist

Dilma lembrou que ela própria enquadra-se nesse perfil. Estudou, preparou-se para atuar na área de energia e teve uma trajetória política. ” Nós temos uma visão incorreta desta questão entre técnico e político. Você também pode ter um político tradicional que seja um grande gestor e contribua para a pasta à qual foi nomeado ” , comparou. Dilma não tem segurança para garantir a adoção do modelo ” porteira fechada ” , na qual o partido contemplado com o Ministério passa a ter a liberdade para nomear todos os postos dos escalões inferiores. ” Nunca foi assim nesses primeiros quatro anos, o presidente sempre tem optado por um sistema híbrido ” .


 


Por ser a responsável pela execução e funcionamento da máquina pública, Dilma é obrigada a lidar com todos os ministros. E garantiu que não percebe neles insegurança diante das incertezas de futuro, sobretudo dentre aqueles que não têm perfil político. ” Isso aconteceria se houvesse tratamento diferenciado do presidente Lula. Não existe ministro de 1ª e 2ª categoria. Hoje existem bem menos tensões dentro do governo ” , prosseguiu ela, sem relembrar fatos passados.


 


A Ministra também defendeu o trabalho de reestruturação do Estado brasileiro como suporte para que os ministros tenham condições de realizar um bom trabalho. Citou os concursos públicos mas não disse nada sobre as sucessivas concessões de reajustes para o funcionalismo. ” Valorizar o funcionário público é valorizar o Estado. Mas não se reconstrói isso de uma vez “, declarou Dilma.


 


Como também não é possível, segundo a chefe da Casa Civil, ter uma visão simplista sobre a crise aérea que atormenta o Brasil desde novembro. ” O problema aéreo brasileiro é muito mais complexo. Começou com a questão da Varig, prosseguiu com a crise dos controladores de vôo e chegou agora às empresas áreas ” , arrematou a ministra. Dilma negou que a Casa Civil comande um gabinete de crise para discutir medidas para o setor aéreo. Afirmou que essa é uma atribuição do Ministério da Defesa, que engloba a antiga Casa Militar e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Lembrou que a Casa Civil tomou a frente nos debates sobre a Varig porque aquela crise envolvia questões microeconômicas de legislação, como a Lei de Falências.


 


A ministra defendeu tanto o ministro Waldir Pires quanto a Anac das acusações de omissão no episódio. ” O ministro tem uma história política exemplar. Não acho que ele esteja incapacitado para resolver esse impasse ” . Quanto à Anac, Dilma lembra que ela tem menos de um ano – todas as demais, como a Aneel, também passaram por um processo de amadurecimento ” . Segundo a ministra, o mercado aéreo sofre com o processo de mudança vivido por ele próprio. ” Vínhamos de um setor monopolista, controlado pela Varig. A empresa foi fundamental no processo de implantação da aviação continental no país. Mas não se adaptou às novas regras de mercado e faliu ” , afirmou. Na verdade, a Varig está em um processo de recuperação judicial previsto na Lei de Falências.


 


Sobre a perspectiva de crescimento da economia para os próximos anos, a ministra afirmou que os 5% são uma meta a ser perseguida. Mas se o país crescer em 2007 ” só ” 4,5% não há problema algum. ” Não é preciso acertar no zerinho ” .


 


Fonte: Valor Econômico