Adriano Diogo: ''Discurso de Serra foi ruim e provocativo''

O PT paulista volta à carga em 2007 em torno da abertura de CPIs na Assembléia Legislativa do Estado, quando se inicia o quarto mandato no Executivo comandado por um tucano, o ex-prefeito José Serra. Situação e governo já travaram essa batalha na atual le

Ontem, na cerimônia de posse, o governador recém-empossado afirmou que o país vive uma ''crise de valores'', criticou a política econômica, dizendo que havia ''pasmaceira'' e ''estagnação'' na economia, além de fazer reservas à política social da União, em um discurso de âmbito mais nacional que estadual.


 


O primeiro vice-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, lamentou o tom do discruso de Serra. “Eu acho lamentável que o chefe do cerimonial do governador tenha puxado da gaveta um discurso de oito anos atrás e obrigado ele (Serra) a ler lá em São Paulo”, ironizou Garcia, em nota publicada no site oficial da legenda. Na avaliação do petista, as críticas de Serra valeriam para o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e não para o de Lula.


 


O deputado estadual reeleito, Adriabno Diogo (PT), concorda. ''O discurso de Serra (na posse) foi muito ruim, foi muito provocativo. Ele já veio rachando, abrindo a campanha pela Presidência da República para 2010'', afirmou o deputado.


 


Tanto petistas quanto analistas políticos concordam que foi um discurso nitidamente oposicionista, mas que pode servir também para qualificar futuramente a gestão de Serra à frente do governo paulista já que em sua curta passagem pela prefeitura de São Paulo, José Serra fez uma administração burocrática, sem criatividade nem ousadia. Administrou apenas o básico e não ofertou aos paulistanos nem um programa sequer que pudesse ser considerado inovador. Caso esta seja também a marca de seu mandato como governador, Serra terá mesmo que apostar nos discursos de efeito para tentar se credenciar como candidato à Presidência. Além disso, terá que provar que o ''cuidado com a ética'' que prometeu em seu discurso de posse não é mera retórica.


 


Não bicotar a instalação de CPIs para investigar irregularidades nas administrações tucanas no estado de S. Paulo será o primeiro desafio de Serra para comprovar seu anunciado compromisso com a ''questão ética''. 


 


 


CPIs


 


''É evidente que a luta pelas CPIs não vai se perder. Foi um sacrifício para instalar a primeira e é óbvio que isso não vai parar'', acrescenta Adriano Diogo.


 


A oposição também lembrou da ação dos tucanos contra as CPIs em São Paulo. ''Agora, está muito mais fácil para abrir uma CPI, principalmente depois da decisão do STF [Supremo Tribunal Federal]'', confirma o atual líder da bancada petista na Assembléia, Enio Tatto.


 


No ano passado, o STF, em resposta a uma ação movida pelo PT, modificou o regimento da Assembléia, que exigia, além de um terço de assinaturas do total de deputados, a aprovação do pedido de CPI em plenário. Agora, basta somente o número mínimo de assinaturas.


 


As prováveis prioridades do PT devem ser as CPIs para investigar o caso Nossa Caixa, a gestão da CDHU (a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) e a construção do Rodoanel.


 


A batalha na Assembléia Legislativa não deve ser fácil para a oposição ao recém-empossado governador. O PT conta com 22 votos e ainda busca recompor seu arco de alianças próxima legislatura.


 


''Houve uma renovação muito grande dos deputados. Nós ainda temos que verificar qual será a posição dos novos'', diz Tatto. Dentre os 94 deputados estaduais que compõem a Assembléia Legislativa de São Paulo, somente 49 foram reeleitos na próxima legislatura. Os novos parlamentares tomam posse no dia 15 de março.


 


Matéria modificada às 23h para acréscimo de informações