Rússia reforça defesa do Irã, apesar da pressão dos EUA

A Rússia anunciou nesta terça-feira (2/1) que entregou ao Irã mais da metade dos sistemas de defesa antiaéreo Tor M-1 que estão previstos em um contrato assinado entre os dois países no final de 2005, apesar da forte oposição de Israel e dos Estados Unido

“Se assinamos um contrato de venda de armas é para cumpri-lo. É uma questão de princípios”, disse um porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia à agência oficial Itar-Tass.



Pelo contrato, Moscou deve entregar a Teerã 29 sistemas de mísseis antiaéreos russos Tor M-1 nos próximos três anos por um valor de US$ 700 milhões.



O Irã pretende utilizar estes sistemas para defender infra-estruturas vitais, como as usinas nucleares de Isfahan, Teerã e Bushehr, construídas com a ajuda de engenheiros russos.



Curso de preparação
O porta-voz acrescentou que militares iranianos concluíram na Rússia no final de dezembro o curso de preparação para o emprego e manutenção dos sistemas antiaéreos, que tem alcance intermediário.



Israel qualificou a venda dos sistemas de defesa antiaéreos como “uma punhalada nas costas”, enquanto os EUA afirmam que os Tor contribuirão para a instabilidade no Oriente Médio.



No entanto, o ministro da Defesa russo, Serguei Ivanov, afirma que os foguetes não alterarão o equilíbrio de forças na região, pois os Tor são “estritamente defensivos e não podem ser utilizados para lançar mísseis de superfície”.



Cada sistema Tor é formado por oito foguetes terra-ar que podem alcançar entre 1,5 km e 12 km de distância, e entre 10 m e 6 km de altura.



Os Tor M-1 são os “únicos no mundo” capazes de detectar, identificar e perseguir até 48 alvos simultaneamente, além de abater, ao mesmo tempo, dois objetos no ar que estejam entre 20 m e 6 km de altura.



Preparados para ataques
Com o novo sistema, segundo os analistas russos, o Irã poderá agora fazer frente a uma possível invasão ou ataque aéreo israelense com caças da classe Stealth, helicópteros, mísseis de cruzeiro e bombardeiros.



O Irã teme que aconteça com o país a mesma situação vivenciada pelo Iraque, cuja central de Osirak, cerca de 30 km ao sul de Bagdá, foi destruída pelos bombardeios da aviação israelense em 1981.



Já o porta-voz oficial russo negou que a resolução contra o Irã adotada pela ONU em 23 de dezembro impeça a venda de armas ao regime islâmico.



“Não existe nenhuma proibição por parte da ONU para a venda de armamento defensivo, como os sistemas antiaéreos Tor. O Conselho de Segurança não proíbe e a Rússia é um Estado que respeita as leis internacionais”, afirmou.



A resolução nº 1737, aprovada por unanimidade com o apoio de Moscou, exige que Teerã suspenda suas atividades de enriquecimento de urânio em um prazo de 60 dias. Caso o Irã não cumpra esta reivindicação, a ONU proibirá que os Estados-membros forneçam material e tecnologia que possam ser utilizados por Teerã em seus programas nucleares e de mísseis.



A Rússia conseguiu que a resolução garantisse que os contratos assinados antes de sua adoção não fossem violados. Com isso, o Irã receberá todos os sistemas antiaéreos que estão no contrato.



Da redação, com agências