Pacotaço frustrado de Yeda: Arrogância derrotada

No último dia do ano, mesmo antes de assumir efetivamente o Piratini, a governadora eleita do RS,Yeda Crusius (PSDB), sofreu grande derrota na Assembléia Legislativa. Ela apresentou um conjunto de projetos de lei polêmicos, com o intuito de enfrentar a

Uma das propostas mais rejeitadas foi a tentativa de prorrogação do chamado ''tarifaço'', que acabou no dia 31 de dezembro (foi aprovado em 2004, encaminhado pelo governador Germano Rigotto). Também propunha a redução das despesas cortando nas demandas sociais e nos salários dos servidores anunciando o congelamento por pelo menos dois anos.


 


A derrota não foi expressa apenas no placar de 28 votos contra e 24 a favor,mas na forma de verdadeiro ''exército Brancaleone'' com que se movimentou a dita base aliada e a própria governadora.Em primeiro lugar as bancadas de oposição na Assembléia somam apenas 15 deputados, ou seja 13 votos vieram de deputados supostamente alinhados com a governadora. Sinais de que isso poderia ocorrer já vinham se manifestando ao longo da semana quando três deputados que seriam do secretariado do futuro governo renunciaram antes da posse, fato se não inédito ao menos raro na política. Some-se a tudo isso a insatisfação generalizada dos aliados que alegavam não terem sido consultados em nenhum momento,a negação durante a campanha de tais medidas e o estilo arrogante e auto suficiente de Yeda. E começamos a entender o motivo de tão fragorosa derrota.


 


Acrescente-se a tudo isso a mobilização da sociedade que conseguiu reunir no coro de insatisfeitos a maioria da imprensa, os empresários, trabalhadores e pasmem, o vice-governador Paulo Feijó (PFL) que chamou o pacote de desastroso. É bom dizer que este mesmo Feijó, que se destacou na arena da disputa ao lado dos que estavam contra o pacote (ele, neste caso,na trincheira oposta a do seu próprio governo), que foi coerente com uma das suas principais bandeiras, que é a da diminuição dos impostos, sempre defendeu também o desmonte do Estado, ou seja, o Estado mínimo. Na sua visão a saída é a venda do que restou de patrimônio público, como o Banrisul. Isto, contrariando as aparências, o aproxima muito daquilo que sempre defenderam os que hoje constituem o núcleo estratégico do governo Yeda. A maioria foi do governo Britto.


 


Se as perspectivas para o início do governo Yeda são bastante negativas é necessário que a oposição de esquerda saiba demarcar campo perante o governo e as eventuais posturas de oposição à direita que possam surgir. Tudo indica que o governo que inicia no RS trabalha pelo retorno de um cenário já visto nos Estado e no Brasil. Um modelo que fracassou, o do receituário neoliberal. Nós já conhecemos seus efeitos negativos, mas temos uma governadora que tem o respaldo das urnas e, dada a gravidade da crise, este tipo de iniciativa pode seduzir parcela da opinião pública, como ocorreu em Minas e São Paulo.


 


Da mesma forma, cabe aos movimentos sociais, ao mesmo tempo que procurem manter o amplo leque de alianças que se construiu na denúncia do pacote, a reafirmação da necessidade de um Estado que seja indutor do desenvolvimento, sintonizado com os avanços conquistados no país. Esta clareza e firmeza são necessárias para que se ganhe a sociedade para a idéia de que somente superando a atual matriz econômica, defasada e pouco diversificada do nosso Estado, e estando o Rio Grande em sintonia com um projeto nacional de desenvolvimento, é que poderemos ver a terra gaucha voltar a crescer.


 


Fernando Niedesberg
Membro Secretariado PCdoB RS