Rodrigo Maia: Aldo se consolida com erros de Chinaglia

O líder pefelista na Câmara dos Deputados, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), avalia que o candidato do PT à Presidência da Casa, deputado Arlindo Chinaglia (SP), cometeu dois erros esta semana que aumentam as chances de reeleição de Aldo Rebelo (PCdo

Em entrevista ao ''Último Segundo/Santafé Idéias'', Rodrigo Maia disse que o PFL está fechado com Aldo Rebelo e dificilmente terá dissidências. Ele avalia que o outro grande partido de oposição, o PSDB, também tende a aderir em peso à reeleição do presidente da Casa, mas alertou para o risco de crescimento do grupo que lançará a chamada candidatura “alternativa” ou “anticandidatura” – cerca de dez parlamentares de partidos como PPS, PV, PSOL e outros.


 


Para o líder pefelista, a eventual adesão significativa a essa corrente ameaçaria mais Aldo Rebelo do que Chinaglia, porque o presidente veria ameaçada sua atual vantagem fora dos dois principais partidos da base aliada, o PT e o PMDB.


 


Líder, como o senhor vê o crescimento da candidatura de Arlindo Chinaglia, que cresceu principalmente a partir do compromisso, por escrito, de apoiar o PMDB na próxima eleição para a Presidência da Câmara?


Rodrigo Maia – O Arlindo está crescendo onde? Até semana passada o que eu sabia é que havia uma coalizão entre PT e PMDB, e esta semana o que vi foi o Michel Temer (presidente do PMDB) precisando fazer uma consulta à sua bancada para fazer uma votação (para decidir quem apoiar). Não vejo esse crescimento do Chinaglia, vejo um movimento do PSDB em direção ao Aldo.


 


O sr. diz isso baseado em quê? O deputado Chinaglia diz ter muitos votos na oposição, incluindo PSDB e PFL…


Maia – Pelas declarações do Jutahy (Magalhães, líder dos tucanos), o PSDB vai caminhar para o Aldo. O Arlindo Chinaglia disse: “O PSDB me apoiará para respeitar a proporcionalidade”, e o Jutahy diz: ''Se a base tiver um candidato só, apoio qualquer um dos dois, mas se tiver dois eu escolherei o que for melhor para o PSDB”. O Serra hoje, numa coluna, manda um recado de que apóia o Aldo, e o Fernando Henrique também, em outra coluna. As frases dos líderes do PSDB era num sentido, e nos últimos dois dias ficaram diferentes.


 


E o PFL?
Maia – É Aldo.


 


Sua bancada votaria fechada com o atual presidente?


Rodrigo Maia – O voto (na votação para a Presidência) é secreto, mas se tiver dissidência é muito pouca, todos os líderes do partido estão com Aldo.


 


O sr. não estaria subestimando a força de Chinaglia no PMDB, a maior bancada na próxima legislatura, com 89 deputados eleitos?


Maia – O PMDB, até 15 dias atrás, tinha uma coalizão com PT, apoiaria o Chinaglia, e esta semana o Michel já foi ao Aldo. O Roberto Requião (governador peemedebista do Paraná) declarou apoio ao Aldo, o Eduardo Braga (governador peemedebista do Amazonas) esteve jantando com Aldo, e há outros governadores com Aldo. Os movimentos do PMDB, na minha opinião, são de divisão. Tanto que o Arlindo pede uma prévia na base.


 


Na sua opinião, Chinaglia não está avançando?


Maia – O Arlindo fez dois movimentos errados esta semana. Primeiro, cravou que o PSDB o apoiava. Segundo, pediu prévias na base. Esses dois movimentos significaram que sua candidatura é só da base, e não uma candidatura da instituição.


 


O sr. não acha que há uma vantagem de Chinaglia quando ele promete ao PMDB, por escrito, o apoio de um grande partido, o PT, na próxima eleição para a Presidência? Não acha que Aldo promete algo que não pode oferecer ao PMDB, por ser de um partido pequeno (13 deputados eleitos), inclusive oferecendo apoio de outros partidos?


Maia – Não concordo. É claro que ele (Aldo) só pode prometer o apoio de partidos que estão dispostos a assinar esse documento. Mas o presidente da Câmara é o presidente da Câmara, tem poder… Tanto PSB quanto PCdoB teriam condições de assinar, então já é um documento nem tão pequeno, com 40 deputados, fora a margem de influência do presidente da Câmara… Eu não acho que um acordo firmado hoje pra daqui a dois anos tem participação decisiva em qualquer eleição agora, está todo mundo olhando como vai ter seu espaço de poder hoje, ninguém está olhando pra daqui a dois anos. Senão, o PMDB já estaria unido em torno da carta do Marco Aurélio Garcia (presidente do PT, que assinou o apoio ao PMDB na próxima eleição).


 


Deputado, qual sua avaliação sobre o impacto da candidatura “alternativa”, ou “anticandidatura”, na disputa?


Maia – Acho que se for uma anticandidatura, tem claramente o objetivo de marcar uma posição sem compromisso com a instituição, na minha opinião o compromisso com a instituição é participar do processo, que é a forma de melhorar, aperfeiçoar a instituição. A lógica da anticandidatura é de marcar algumas posições que vêm de fora para dentro. Uma candidatura alternativa eu não acho possível, porque teria que ser uma real opção em relação às outras duas, com chance de vitória, e eu não vejo nos nomes que estão dispostos um que tenha votos do eleitorado da Câmara.


 


Então não teria influência sobre as candidaturas dos dois governistas?


Maia – Vejo que, se uma candidatura alternativa passar dos dez nomes para 40 nomes, é o único movimento que pode prejudicar o Aldo, porque esses votos iriam para o ele. Se ficar em até 15 ou 20 nomes não atrapalha nenhum dos dois.


 


O sr. vê algum risco de “efeito Severino”, ou seja, a chance de eleição de um deputado sem estatura política e moral para ocupar o cargo?


Maia – Não vejo nenhum candidato que represente o movimento que representou o Severino no passado: nem o grupo alternativo, nem Aldo nem Chinaglia. Os alternativos combatem justamente o que representava o grupo Severino, eles querem fazer uma crítica pública, desgastando a instituição, expor compromissos que acham relevantes. Os candidatos que têm força hoje no baixo clero já estão comprometidos com as candidaturas de Chinaglia e Aldo.