Após censura, internautas criam site de protesto contra Cicarelli
Foi colocado no ar o site “Boicote a Cicarreli. Brasil Sem Censura” o qual incentiva a não assistir a nenhum programa onde a Cicarelli apareça e que não se compre produtos anunciados pela modelo. Fora isso, já foi criado no Orkut, site de relacionament
Publicado 09/01/2007 03:14
No texto de abertura do site diz: “Se você acha errado a Cicarelli e namorado quererem bloquear o youtube para usuários Brasileiros e abrir precedentes legais para a censura na Internet Brasileira participe do nosso Boicote! É realmente muito simples participar do Boicote! Basta não assistir a nenhum programa onde a Cicarelli apareça e não comprar nenhum produto que a Cicarelli anuncie até ela e seu macho desistirem de bloquear o youtube e de abrir precedentes legais para a censura na internet porque não agüentaram para ir para um motel.
Se você não assiste os programas dela e não compra as coisas que ela anuncia, se você só sabe quem é Cicarelli porque ela andava com o jogador Ronaldo (O Ronaldo Gordo), ajude esse boicote divulgando este site! Vamos vencer os fascistas!”
O site informa ainda o telefone central de atendimento da marca de lingerie Hope para que as pessoas liguem para a empresa e digam que não vão comprar seus produtos enquanto ela for a modelo da marca.
Em poucas horas no ar, o site já recebeu centenas de mensagens. Uma delas, de um leitor indignado diz: “O que mais me perturba nesse decisão de bloquear o youtube é que ela é tão provinciana, mas tão provinciana, que chega ao ponto de ser cretina! O que um desembargador entende de Internet? Que habilitações acadêmicas na área de informática e/ou conhecimentos técnicos que esse desembargador tem para cagar sentenças sobre o funcionamento da rede no Brasil? É que esse cara nem se deu ao trabalho de consultar o Comitê Gestor da Internet do Brasil! Orgão oficial que responde por toda a Internet no Brasil! Porra, temos um Comitê Gestor de Internet no Brasil para quê? Enfeite? Para mim, a decisão sobre o youtube não vale de nada, porque não foi tratada pelos orgãos competentes!”
O dono do domínio não revela o seu nome, só o e-mail. O site diz que a atitude da Cicarelli e a do namorado abre precedente para se instituir a censura na Internet brasileira.
Os usuários do site de relacionamento Orkut também já se mobilizaram contra o bloqueio do YouTube no Brasil. Comunidades como “Libertem o YouTube” e “Cicarelli, Devolva o YouTube” já estão arregimentando membros, que criam tópicos indicando outros links para a visualização do vídeo ou modos de alteração das configurações dos navegadores Internet Explorer e Firefox para burlar o bloqueio ao site de compartilhamento de vídeo.
5 milhões de pessoas sem acesso
Nesta segunda-feira (8), empresas de telecomunicações Brasil Telecom e Telefônica confirmaram ter iniciado, desde sexta-feira (5), o bloqueio do acesso de internautas brasileiros ao site de vídeos YouTube, com servidores nos Estados Unidos. Os clientes da Telefônica ainda conseguiam navegar pela página no início da noite, mas a companhia bloqueou o acesso por volta das 22h.
A filtragem que deverá ser realizada por cinco empresas de telecomunicações está ligada a um processo movido pela modelo e apresentadora Daniella Cicarelli — ela quer proibir a veiculação de cenas picantes entre ela e seu namorado, Renato Malzoni Filho. Os dois foram flagrados no ano passado em uma praia de Cádiz, na Espanha, e as imagens ganharam popularidade na internet.
Procurada, a assessoria de imprensa do Google — empresa que comprou o YouTube em 2006 por US$ 1,65 bilhão — não quis se manifestar sobre o caso.
A filtragem da Brasil Telecom afeta diretamente pelo menos 5 milhões de pessoas que utilizam os três provedores da companhia — IG, iBest e BrTurbo. Os filtros eletrônicos solicitados pela Justiça serão instalados pelas companhias que recebem dados enviados do exterior para o Brasil (as operadoras de backbones; veja como funcionam). Confira na íntegra a ordem judicial que determina o bloqueio.
A Embratel afirmou que está analisando tecnicamente o teor da decisão judicial, para viabilizar seu cumprimento. A Telecom Itália recebeu a notificação e indicou a LANautilus, empresa de seu grupo com escritório no Rio de Janeiro, para falar sobre o caso. O G1 entrou em contato com a companhia, mas não encontrou ninguém para comentar o assunto. Já a assessoria de imprensa da Global Crossing, baseada em Nova York, afirmou que vai se pronunciar mais tarde.
Controvérsia
Na semana passada, o desembargador Ênio Santarelli Zuliani, da 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, ordenou a instalação de filtros eletrônicos para evitar que os brasileiros pudessem ter acesso às imagens divulgadas no YouTube, serviço on-line que exibe vídeos postados pelos próprios internautas. Por meio de sua assessoria de imprensa, Zuliani reiterou pelo menos quatro vezes ao G1 que a filtragem refere-se somente ao vídeo, e não a todo o site.
Uma fonte do Tribunal de Justiça ligada ao caso reforçou ao G1 que a intenção da decisão é restrita à retirada das imagens da apresentadora de TV do ar. Esse também é o entendimento da empresa Embratel, que estuda maneiras de bloquear apenas o arquivo com as imagens de Cicarelli.
Essas afirmações causam controvérsia, pois advogados consultados pelo site G1 entenderam que ela refere-se a todo o site, assim como afirma a ordem judicial. “O que vale é o que está no processo e, no meu entendimento, essa decisão refere-se ao bloqueio de toda a página”, afirmou o advogado Renato Opice Blum, especialista em direito na internet.
O bloqueio do site também é o que entende o advogado Rubens Decoussau Tilkian, representante dos interesses do casal. Em entrevista ao G1, ele garantiu que os filtros impediriam o acesso a todo o conteúdo da página, e não apenas o vídeo em que sua cliente aparece com o namorado.